Atletismo
Com 218 medalhas conquistadas, Lenine Cunha já pensa no futuro como treinador
Atleta paralímpico é o desportista mais medalhado do mundo. Admitindo que será muito difícil colocar um ponto final na carreira, Lenine visiona um futuro ligado ao desporto, desta feita no papel de treinador.
O desportista mais medalhado do mundo é português: com 218 medalhas, o atleta paralímpico Lenine Cunha continua a somar recordes e já tem no pensamento os Jogos Paralímpicos de Tóquio, que se realizam este Verão. Com 38 anos, admite que será difícil chegar ao pódio, mas diz que "tudo é possível". Numa noite fria em Vila Nova de Gaia, voltou aos treinos no Estádio Municipal, após conquistar três medalhas em Nantes, nos campeonatos da Europa de atletismo em pista coberta para atletas com deficiência intelectual.
O plano é de treino leve, visto que Lenine está a regressar de um período com grande esforço físico condensado em poucos dias. "Lenny", como é carinhosamente tratado, tem como objectivo transitar para o cargo de treinador quando deixar a carreira de atleta. A vocação foi notória no dia em que o PÚBLICO foi convidado a assistir a um dos treinos da secção de atletismo do Clube Futebol Oliveira do Douro, formação que o atleta representa. Com gestos e incentivos, procurava corrigir e incentivar os jovens desportistas, que o vêem como exemplo.
“O Lenine está connosco há duas épocas. A vantagem de o ter no clube é enorme, o currículo fala por si, a postura também. Simplificando a resposta: é um exemplo para todos”, diz Ana Carneiro, directora técnica da secção de atletismo do clube, que acolhe 120 atletas.
Salto em comprimento, corrida, barreiras, salto em altura, salto com vara, lançamento do peso e halterofilismo: as modalidades praticadas no Municipal de Gaia multiplicam-se. As primeiras quatro desta lista foram seguidas com particular atenção por Lenine Cunha, especialista nestas modalidades. Tal como muitos dos que estão no clube, Lenine encontrou no desporto uma razão de alegria e nova força para ultrapassar as dificuldades.
Apesar da longa carreira – a que, admite, será difícil colocar um ponto final – o atleta quer manter-se ligado ao atletismo. Treinado por José Costa Pereira há 22 anos, Lenine pensa seguir as pisadas do técnico e devolver aos mais jovens os ensinamentos que o mentor lhe transmitiu.