Fotografia
Dos protestos no Sudão à economia circular, eis as fotos do ano para a World Press Photo
Os premiados da edição 2020 do World Press Photo, o mais importante concurso de fotojornalismo do mundo, foram anunciados esta noite. As revoltas populares em dois países do Norte de África, o Sudão e a Argélia, dominaram um palmarés que este ano, devido à pandemia de covid-19, não pôde ser distribuído na habitual cerimónia presencial organizada pela fundação homónima em Amesterdão.
Uma imagem inspiradora de um protesto não violento nas ruas escurecidas de Cartum, a capital do Sudão, arrebatou o prémio de fotografia do ano na edição 2020 do prestigiado concurso World Press Photo, cujos vencedores foram anunciados esta noite. Ao contrário do que é habitual, não houve lugar a uma cerimónia presencial, dada a disruptiva pandemia de covid-19 que seguramente será o tema dominante daqui a um ano, quando a próxima edição deste evento organizado pela fundação homónima, sediada em Amesterdão, nos permitir passar 2020 em revista.
O retrato de 2019 que o júri do World Press Photo nos propõe, num palmarés que vai dos protestos anti-governamentais em vários pontos do mundo (do Sudão a Hong Kong, passando pela Argélia), parece devolver-nos um ano marcado pela revolta política e pelas catástrofes – quer as naturais, como os devastadores incêndios na Califórnia ou a desflorestação que ameaça severamente a sobrevivência da população de orangotangos na Indonésia, quer as provocadas por mão humana, como o acidente aéreo que a 10 de Março de 2019 vitimou 157 passageiros de um voo da Ethiopian Airlines, e que tragicamente se veio a concluir ter resultado de um negligenciado defeito de fabrico do modelo 737 MAX da Boeing.
A persistência de conflitos como a Guerra na Síria, o recrudescimento da violência taliban no Afeganistão ou as cicatrizes deixadas pelo Estado Islâmico no Norte do Iraque, sobretudo na massacrada minoria yazidi, são outros dos tópicos abordados pelas fotografias vencedoras desta edição do World Press Photo, onde apesar de tudo se entrevê a perspectiva de um futuro menos negro, na reportagem sobre projectos pioneiros de economia circular que o fotógrafo italiano Luca Locatelli viu premiada na categoria de ambiente.
A pandemia com que o mundo se debate por estes dias não era ainda avistável, ao fechar do ano que passou. E por isso as únicas máscaras que as imagens deste portfolio registam são as dos colaboradores do Programa de Conservação dos Orangotangos de Sumatra, nos seus delicados esforços para contrariar a extinção desta espécie ameaçada e restaurar a possibilidade de estes nossos parentes afastados usufruírem de uma vida em liberdade.