Coronavírus
Porque “a crise climática não espera que a covid-19 seja controlada”, eles protestam online
Eles sempre disseram que devíamos encarar uma crise como uma crise. "Nós ouvimos a ciência e, neste momento, a ciência diz que ajuntamentos são prejudiciais", informou o movimento Fridays For Future. Por isso, a greve climática global agendada para esta sexta-feira, 13 de Março, não saiu à rua — antes, está a decorrer online. "Numa crise, nós mudamos os nossos comportamentos e adaptamo-nos às novas circunstâncias pelo bem comum da sociedade", escreveu Greta Thunberg, a activista sueca de 17 anos que deu início ao movimento mundial pelo clima, há quase dois anos. "Nós, os jovens, somos os menos afectados pelo vírus, mas é essencial agirmos em solidariedade com os mais vulneráveis."
Por isso, a fotografia que publica sempre no Instagram a partir do protesto que realiza há 82 sextas-feiras, não tem na localização o parlamento sueco, onde tudo começou, Bruxelas, Madrid, Bristol, Estados Unidos da América, Davos ou algures no Atlântico. Antes, Thunberg surge em casa a segurar o conhecido cartaz, os dois labradores que costumam aparecer nas fotografias de família e a etiqueta #ClimateStrikeOnline.
"A crise climática e ecológica é a maior crise que a humanidade já enfrentou, mas, por agora e dependendo do sítio onde vivermos, teremos de encontrar novas formas de sensibilização e activismo que não envolvam multidões", escreveu a activista que nas últimas três semanas viajou pela Alemanha, Reino Unido, Bélgica e Suíça para filmar uma série documental produzida pela BBC Studios.
Para participar no protesto online, o movimento Fridays For Future sugere que os participantes tirem uma fotografia a segurar o cartaz que teriam empenhado na manifestação na sua cidade, sozinhos ou não, no exterior ou dentro de casa. As publicações nas redes sociais poderão ser identificadas com a #ClimateStrikeOnline.
Foi através dessa hasthag que encontramos as imagens nesta fotogaleria, de onde sobressai um cartaz escrito em português. Depois de participar em duas manifestações em frente à Câmara Municipal do Montijo, Inês Diogo, 14 anos, voltou a pegar no pedaço de cartão onde escreveu, em várias cores: "O dinheiro não dá para respirar". E tirou uma fotografia.
"Mesmo na situação em que infelizmente nos encontramos, a importância da luta pela justiça climática não diminui", acredita. "Desta vez, a greve é feita de forma um pouco diferente das anteriores, de maneira a valorizar ambos os problemas da mesma maneira, mas sempre protegendo a minha saúde e a de todos à minha volta."
Com as aulas presenciais suspensas pelo menos até 9 de Abril, Inês Diogo vai passar os dias a estudar e a fazer actividades para as quais, em dias de escola, não lhe resta tempo. "Neste momento ir para as ruas está fora de questão, por isso utilizarei este período para trabalhar em algumas ideias futuras e vou utilizar as minhas redes sociais para sensibilizar e alertar, diz a jovem do Montijo que criou um projecto local de sensibilização.
É esperado que o movimento que já mobilizou milhões de jovens por todo o mundo se restrinja à Internet pelo menos até ao final do mês. O objectivo é provocar o mesmo efeito visual que uma multidão espalhada pelo mundo cria, mas nos ecrãs que permitem um distanciamento seguro. Sem esquecer "o sentido de urgência" — e de esperança.
Para incluirmos o teu cartaz nesta fotogaleria, envia-nos as tuas fotografias em formato .jpg ou .png, com indicação do teu nome no ficheiro, para publicop3@gmail.com, até ao final de sexta-feira, 13 de Março, ou publica no Instagram e identifica o P3 (@publicoP3).