Coronavírus: visita guiada à ala dos casos suspeitos

O Hospital de São João, no Porto, tem um quarto preparado para acolher doentes a qualquer momento. É uma das unidades de referência para o novo coronavírus.

Quarto reservado para os casos suspeitos: a divisão está equipada com tudo o que é necessário para o diagnóstico e tratamento do doente PAULO PIMENTA
Fotogaleria
Quarto reservado para os casos suspeitos: a divisão está equipada com tudo o que é necessário para o diagnóstico e tratamento do doente PAULO PIMENTA

O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, tem uma zona de isolamento pronta a receber possíveis doentes infectados com o novo coronavírus detectado em Wuhan, na China. Se for diagnosticado um caso na região Norte, a principal preocupação da equipa médica é conter a propagação do vírus e para isso existem já mecanismos em curso.

Em primeiro lugar, um doente possivelmente infectado com o vírus não vai entrar pela porta principal, mas sim por uma passagem especial do Serviço de Doenças Infecciosas do hospital. No percurso que nos leva da porta ao quarto de isolamento, existem linhas de várias cores que transmitem ordens diferentes, mais ou menos como um semáforo. As riscas a verde significam zona limpa, e é por ela que circula quem não esta infectado. O amarelo é uma área de transição (destinada aos médicos que acabaram de examinar um paciente, por exemplo) e o vermelho quer dizer que estamos numa zona infectada. Antes do fim do corredor, chegamos à divisão que está equipada para acolher possíveis pacientes durante o tempo que for necessário.

Ali bem perto, nem a dois metros, há uma pequena sala onde é imperativo que médicos e enfermeiros (ou qualquer profissional que entre em contacto com um doente infectado) se equipem com luvas, fatos impermeáveis, viseiras e máscaras. E existe ainda outra pequena divisão, logo ao lado, onde depois de cada exame é descartado o equipamento — que não volta a ser usado. Nas paredes existem instruções passo a passo do que o profissional deve fazer (e não fazer), lembrando que nunca estará sozinho e que será supervisionado por outra pessoa que se vai certificar que tudo é cumprido.

Foi neste quarto que esteve internado o homem que na passada sexta-feira foi encaminhado para o Hospital de São João por suspeitas de poder estar infectado. Este foi o segundo caso suspeito de infecção em Portugal e acabou por testar negativo, tal como os restantes.

Numa visita guiada concedida ao PÚBLICO, o director do Serviço de Doenças Infecciosas (SDI), António Sarmento, explica que existe um procedimento específico para quando o hospital recebe um caso suspeito do vírus, realçando que cada caso tem sempre de ser primeiro validado pela Direcção Geral da Saúde (DGS). “O doente é transportado por uma equipa já preparada até às instalações e, até prova em contrário, vamos abordá-lo como sendo um caso de infecção de acordo com os critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde e pela DGS”, refere.

Apesar de existir apenas um quarto para possíveis casos de infecção, o director do SDI afirma que se existirem mais suspeitas, outras divisões daquela ala hospitalar terão de ser activadas. “É uma altura difícil porque o hospital está cheio, mas se for uma situação de emergência têm de se implementar medidas à altura”, explica. 

Margarida Tavares, outra das responsáveis por aquela ala, explica que este circuito está montado desde o surto da síndrome respiratória aguda grave​ (SARS), em 2005, e que já foi posto à prova durante a pandemia de gripe em 2009.

Sobre medidas que aconselha à população, a infecciologista afirma que basta que se lave frequentemente as mãos e se proteja a tosse com o braço para já estar a fazer um “enorme serviço” e a diminuir “em muito” a possibilidade de transmissão. Além disso, a médica destaca que a população portuguesa não precisa de usar máscara e que este acto pode até ter um efeito contraproducente. “As pessoas podem achar que estão mais protegidos com a máscara e não estão tão atentas, ou descuidam-se”, explica.

Zona próxima ao quarto que está reservado para possíveis casos de coronavírus
Zona próxima ao quarto que está reservado para possíveis casos de coronavírus PAULO PIMENTA
Sinal que informa que é obrigatório circular pela zona verde
Sinal que informa que é obrigatório circular pela zona verde PAULO PIMENTA
Equipamento disponível para os profissionais de saúde
Equipamento disponível para os profissionais de saúde PAULO PIMENTA
Linhas que separam a zona "limpa" da zona de transição
Linhas que separam a zona "limpa" da zona de transição PAULO PIMENTA
Profissional demonstra como estão equipados os médicos ou enfermeiros que entram em contacto com doentes infectados
Profissional demonstra como estão equipados os médicos ou enfermeiros que entram em contacto com doentes infectados PAULO PIMENTA
Médica do Hospital de São João à entrada do quarto
Médica do Hospital de São João à entrada do quarto PAULO PIMENTA
Quarto fica na ala do Serviço de Doenças Infecciosas (SDI)
Quarto fica na ala do Serviço de Doenças Infecciosas (SDI) PAULO PIMENTA
O quarto reservado no Hospital de São João, no Porto
O quarto reservado no Hospital de São João, no Porto PAULO PIMENTA
Médica na zona de transição entre a sala onde se equipa e a sala onde descarta o equipamento
Médica na zona de transição entre a sala onde se equipa e a sala onde descarta o equipamento PAULO PIMENTA
Profissionais estão equipados com com luvas, fatos impermeáveis, viseiras e máscara
Profissionais estão equipados com com luvas, fatos impermeáveis, viseiras e máscara PAULO PIMENTA
Antes de terem contacto com o doente, os profissionais têm obrigatoriamente de vestir todo o equipamento de protecção
Antes de terem contacto com o doente, os profissionais têm obrigatoriamente de vestir todo o equipamento de protecção PAULO PIMENTA