Arquitectura
Um recreio dourado para brincar às escondidas com o Porto
Quando a escola do Bom Sucesso recebeu os primeiros alunos, ainda não existia o centro comercial, um dos edifícios que agora se erguem e escondem a escola "numa clareira". A toda a volta, a "malha consolidada da cidade do Porto" levanta-se, cinzenta, alheia a quem brinca no recreio ocre, quase dourado se o dia for de sol, pintado pelo atelier Crea.
O escritório de arquitectura e engenharia reabilitou a escola básica inaugurada em 1958, demoliu o pré-fabricado onde se instalava o jardim de infância e construiu um novo edifício que o arquitecto André Camelo quis "banhar de luz natural" em todas as divisões. "Tentámos que os alunos sentissem luz e amplitude, ao invés de espaços fechados", explica, destacando ainda a nova sala desenhada para crianças com perturbações do espectro de autismo e a ligação da horta pedagógica com a nova cantina.
O plano de intervenção da escola pública na Boavista envolvia a requalificação e ampliação dos três edifícios originais, do campo de jogos e dos espaços de circulação para os vários membros da comunidade escolar, entre os vários edifícios e o quarteirão em redor. Mas também a construção de dois novos edifícios, com uma nova portaria a "disciplinar" a chegada das crianças e dos pais, guia-nos o arquitecto.
"Vivemos, em grande medida, em caixas demasiado estanques e desligadas da natureza e quisemos que os alunos usufruíssem do espaço desafogado da escola, pontuado por árvores e com um amplo recreio, que foi injectado de cor", lê-se, na memória descritiva do projecto, feito em "estreita" conversação com a câmara do Porto (cujo investimento foi de 1,1, milhões de euros), a associação de pais, professores e direcção da escola. As 360 crianças, alvitra o arquitecto, também parecem felizes por estar de volta à escola.