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Anna Karina: o rosto da Nouvelle Vague para lá da tela
A actriz morreu este sábado em Paris. Tinha 79 anos.
Em Copenhaga, 1940, nasceu Hanne Karin Bayer. Só anos mais tarde ganhou o seu nome artístico, Anna Karina, quando chegou a Paris pela mão de Coco Chanel, numa altura em que trabalhava como modelo. Mas não tardou até que a sua carreira como actriz despontasse e o seu rosto chegasse aos cinemas através de alguns dos mais importantes cineastas da história.
Estreou-se em 1954, com 14 anos, numa curta-metragem, A Rapariga dos Sapatos, de Ib Schmedes. Foi já no final da década de 1950 que conheceu Jean-Luc Godard, que lhe quis dar um papel em O Acossado, que ela recusou. Mais tarde foi convocada para um encontro com Jean-Luc e foi escolhida para o papel em O Soldado das Sombras (que só se estreou nas salas em 1963), quando os dois se apaixonaram, acabando por casar. Fez parte de Ce Soir ou Jamais, de Michel Deville e, com Godard, de Une Femme est une Femme (1961), Viver a Sua Vida (1962), Bando à Parte (1964) Alphaville (1965), Pedro, o Louco (1965), Made In USA (1966) e do segmento A Mais Antiga Profissão do Mundo, Anticipation ou l'Amour en l'An 2000 (1967).
Tornou-se estrela da Nouvelle Vague nos anos 1960 e um incontornável ícone do cinema francês. Ao longo da sua carreira, Anna Karina participou ainda em filmes como A Ronda do Amor (1964), de Roger Vadin, A Religiosa (1966), de Jacques Rivette, O Estrangeiro (1967), de Luchino Visconti, Justine (1969), de George Cukor, o Rebelde (1969), de Volker Schlondorff, Roleta Chinesa (1976), de Rainer Werner Fassbinder ou A Ilha do Tesouro (1985), de Raul Ruiz, e contracenou com Godard em Cléo de 5 a 7, de Agnès Varda.
O ministro da Cultura francês, Franck Riester, já lamentou no Twitter a perda de uma actriz que “magnetizava o mundo inteiro. Hoje, o cinema francês é órfão. Perdeu uma das suas lendas”, escreveu, começando por lembrar como “o seu olhar era o olhar da Nouvelle Vague”.
O seu talento transcendeu o ecrã. Anna Karina foi também cantora, tendo interpretado temas ao lado de outro marco histórico e cultural de seu nome Serge Gainsbourg.
Morreu este sábado em Paris, com 79 anos, de cancro. A vida, essa, deu-lhe “muito mais do que poderia esperar”, como disse em entrevista ao PÚBLICO em Abril. “Foram tudo presentes maravilhosos.”