Macau 20 anos
Macau: o que fazer com a herança portuguesa?
Há 20 anos, Portugal devolveu Macau à China. À pergunta o que resta de Portugal tem de se seguir outra: o que fazer com o que ainda resta? Leia a reportagem: Macau: polir a pérola, antes que a desfaçam
Durante 450 anos, Macau foi portuguesa. Ainda hoje não é totalmente chinesa, ainda que quem mande seja Pequim. Desde a transferência da autonomia para a China, esta cidade mudou muito. A 20 de Dezembro de 2019 passam duas décadas. Um número redondo, no mesmo ano em que a própria República Popular da China fez 70 anos e as relações diplomáticas entre Portugal e a China também dobraram um número redondo (40 anos).
Nestes 20 anos de administração chinesa, a economia do jogo explodiu. Macau tem mais visitantes do que Paris, do que Nova Iorque, do que Pequim. Foram mais de 35 milhões em 2018. O PIB per capita, em paridade de poder de compra, é dos mais elevados do mundo. Para 650 mil habitantes, isso significa capacidade de aquisição, mas há enormes desafios pela frente. A habitação é uma delas. cada vez mais cara, escasseia nesta região administrativa especial.
O território é marcado por grandes contrastes. Rica e reluzente nuns sítios, lúgubre e sombria noutras áreas. As duas ilhas de Coloane e Taipa estão agora unidas pelo aterro de Cotai, onde ficam os maiores casinos do mundo. Não se pode excluir Macau de uma viagem à China. Nem se pode arrancar as raízes portuguesas do que lá se vê. O jogo legalizado é uma "invenção" portuguesa. Todo o centro histórico, protegido pela UNESCO, tem marca lusitana.
Por isso mesmo, numa altura em que a presença asiática e a influêcia chinesa se densifica, vale a pena discutir que futuro tem esse legado português. O que restará daqui a 20 ou 30 anos do que Portugal deixou por lá? Victor Ferreira