Moda
Na última semana de Verão, a Primavera floriu em Milão
Uma das semanas mais importantes do panorama internacional de moda, e que dita muitas das tendências para a estação que apresenta, termina nesta segunda-feira. O Culto faz um apanhado do que mais relevante se passeou pelas passerelles italianas.
Alberta Ferretti
A italiana Alberta Ferretti voltou a apresentar-se em Milão concentrada numa colecção capaz de servir o dia-a-dia e destinada, como refere a Women’s Wear Daily, à “mulher dinâmica de hoje”. Pelas várias propostas, destacam-se as calças de ganga, de silhueta única e que se têm revelado um sucesso de vendas, mas também macacões, calças em camurça, camisas de mangas em balão, tops, calções… Pela paleta de cores, muitos rosas, ocres e azuis.
Benetton
Um banho de irreverência, como é apanágio da marca, numa colecção inspirada pelos oceanos e por todo o ambiente marinho, que apresentou como seu novo embaixador o Popeye e respectiva trupe. Uma linha repleta de peças intemporais para um “público sem idade e sem género, cosmopolita e global”. Destaque para as sweatshirts e as maxi t-shirts brancas que transportam as campanhas publicitárias assinadas por Oliviero Toscani (que está de volta à Benetton desde o arranque de 2018).
Blumarine
Graça, gentileza e elegância. Era esse o objectivo de Anna Molinari, que assina a colecção de Primavera/Verão 2020 da Blumarine. E se nem sempre o conseguiu, sobretudo por se manter fiel ao seu gosto pelo exuberante, crédito lhe seja dado na sua linha de vestidos de noite: apresentaram-se simples e esvoaçantes.
Bottega Veneta
O designer Daniel Lee chegou à casa de Vicenza apenas no ano passado, mas desde então fez a diferença. Sobretudo nos acessórios e no calçado, que voltaram a brilhar na colecção pensada para a Primavera/Verão de 2020. Pela roupa não faltaram brilhos nem arte: algumas peças reproduzem desenhos do pintor francês Matisse.
Dolce & Gabbana
Uma colecção de sabor tropical, com cores fortes e motivos que nos traz à cabeça a eterna Carmen Miranda, mesclados com propostas em tons cáqui que pela passerelle parecem tudo menos monótonos. Pelos padrões, evidencia-se uma viagem aos vários habitats selvagens, desde a seca e severa savana até à floresta tropical, com a presença das imagens dos animais que nelas habitam.
Emporio Armani
“Ar” foi o tema da colecção apresentada pela segunda marca da família Armani, com roupas que pareciam esvoaçar ao mesmo tempo que as tonalidades remetiam para o céu ao pôr-do-sol, com rosas e cinzas pálidos que acabariam, como acontece com o anoitecer, por ser tomados por uma paleta de azuis, ao mesmo tempo que foram surgindo aqui e ali apontamentos em verde pistáchio.
Fendi
A casa romana chegou a Milão com o toque da estilista Silvia Venturini Fendi, que assumiu as rédeas após a morte de Karl Lagerfeld, em Fevereiro deste ano, para apresentar a colecção para a Primavera/Verão 2020, mas com o Outono na manga. Afinal, os tons azeitona ou ocre remetem mais para a queda da folha do que para o espontâneo florir (ainda que tenham surgido padrões florais, mas com muito pouco de Primavera). Com um conceito que se inspira na jardinagem e no campo bucólico, como refere a Hype Beast, apresentou jeans, tops e camisas pouco acentuadas ou calças de inspiração militar.
Ferragamo
A casa italiana voltou a insistir no couro, material que domina como poucos, mas também em calças largas ou em suéteres sem costas para enfrentar o calor ou vestidos de silhueta marcada. Destaque para as saias criadas numa espécie de balão meio esvaziado.
Giorgio Armani
O romantismo dos anos 1920 parece ter inspirado um guarda-roupa que a marca diz estar repleto de “uma delicada feminilidade” ao mesmo tempo que serve de “elo com os elementos da natureza, filtrados pela criatividade e imaginação”. Numa apostas nas transparências e na sobreposição de tecidos de várias texturas, a colecção promove o movimento delicado ao mesmo tempo que joga com a oposição dos tons terra e cinzas escuros aos azuis líquidos, rosas pálidos e cinzas-pérola.
Missoni
Uma colecção que usa peças extremamente básicas – vestidos de corte confortável, camisas largas… –, juntando-lhes um toque masculino. À Vogue a criadora Angela Missoni explicou que a ideia original nasceu de imaginar “um homem e uma mulher – um casal – a trocar roupa”. Porém, o resultado é tudo menos básico já que a designer nascida em Milão usa e abusa de padrões de riscas, ziguezagues e bolinhas aos quais acrescenta o croché, tricô, patchwork, criando camadas sobrepostas que imprimem estrutura a uma colecção que, em simultâneo, se apresenta como “feliz e leve”, como descreveu a criadora àquela revista.
Peter Pilotto
Motivos florais, estampados errantes, com algumas conjugações inusitadas e uns quantos padrões assimétricos, numa colecção onde o italo-austríaco usou e abusou dos tecidos acetinados, imprimindo uma sensação de agradabilidade ao toque. De referir que pela passerelle houve ainda várias propostas que primaram pela simplicidade, criando looks para usar no dia-a-dia de qualquer pessoa.
Prada
A prestigiada casa de moda italiana, com mais de cem anos de história (fundada em 1913), aproveitou o desfile para colocar a moda ao serviço do empoderamento feminino, sublinha a Harper’s Bazaar. “Você usa a roupa, não deixe a sua roupa usá-la” foi o mote de um desfile que, não virando costas ao classicismo que impera em toda a linha, inspirou-se em traços “roubados” às décadas de 20 do século passado, mas também dos mais recentes anos de 70 e 90.
Versace
Em 2000, o vestido desenhado por Donatella Versace para Jennifer Lopez se apresentar na cerimónia de entrega dos Grammy (estava nomeada por Waiting for Tonight para o prémio de melhor dance) transformou não só o mundo da moda – que passou a olhar para os padrões da selva com outros olhos – como o mundo da tecnologia (o vestido, ao ficar no top de pesquisas da Google, inspirou a criação do Google Images, explicou Eric Schmidt, o então presidente-executivo da Google num artigo de 2015). Quase duas décadas depois, a actriz arrasou em Milão com uma reinterpretação desse famoso vestido. Pelo resto da colecção, onde não faltam nem brilhos nem cores, sente-se um regresso aos anos 90.