Estas tampas de saneamento não são para calcar

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Vestem-se para a função e por isso passam despercebidas — pelo menos até Rafael Fernandez, vulgo Flix Robotico, as calcar. A partir daí, quase como por magia, quem passa pelas tampas de saneamento salpicadas de cor começa a desviar-se. Do chão, saltam os padrões geométricos, feitos com tintas a óleo azuis, amarelas ou magenta. E os “elementos monótonos encontrados em ambiente urbano” em qualquer trajecto rotineiro, como estes sinais de trânsito (que não estão na via pública), passam a objectos que “despertam a curiosidade e animam as pessoas, rompendo com a monotonia do quotidiano da cidade”, conta o artista urbano venezuelano em declarações por email ao P3. Quer “mudar a forma como as pessoas vêem e sentem a cidade” e torná-la “mais alegre e humana”, desde pequenas intervenções, como as desta fotogaleria, a grandes murais. Como aquele que o trouxe pela primeira vez a Lisboa em 2017, para uma residência artística aquando do festival MURO. O arquitecto gostou "da cidade e das pessoas", olhou para a crise na Venezuela e decidiu ficar onde achou ter “melhores oportunidades para crescer como artista”. E o chão da cidade (e os sinais de trânsito) nunca mais foi aborrecido.