É assim a noite no Bairro Alto. O excesso de álcool, o consumo de drogas, o erotismo brejeiro, até as múltiplas e inevitáveis idas às casas de banho estão documentadas no projecto do jovem fotógrafo João Sanchez, um dos muitos "Filhos do Bairro". "O Bairro é como um pai para mim. Foi o primeiro sítio onde saí à noite e desde sempre que cada saída se tornou uma lição", disse em entrevista ao P3, via email. Durante três meses, "o jovem de barba que ainda não faz a barba" saiu para o Bairro Alto munido de uma câmara fotográfica digital. "Queria que o projecto tivesse um lado muito pessoal e levava a máquina como quem leva o telemóvel". O registo é muito descontraído, mas nem sempre o processo o foi. "Persegui duas raparigas porque ouvi uma conversa de que uma delas ia tirar os 'collants'. Troquei um cigarro por uma fotografia das cuecas de outra rapariga. Dei o meu cartão do metro para fazerem um filtro para um charro." Tornou-se um observador da noite, um "lobisomem em constante lua cheia". "Isto é um tributo à vida nocturna. Cru. Isto é o Bairro Alto." Até raiar o dia.