Ela fotografa casais felizes para que acreditemos no amor

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Ainda há histórias de amor bonitas. Mesmo na "vida louca" das cidades, sempre atulhadas de gente com falta de tempo. É no que acredita a fotógrafa moldava Natalia Mindru Photomicona, quiçá uma romântica incurável, que no projecto "Iubiri Urbane" ("urban love", em inglês, "amor urbano", em português) retrata a intimidade apaixonada de jovens casais enamorados. Vemo-los na cama a trocar carícias e sussurros, beijos e abraços, entre lutas de almofadas e tropelias com gatinhos. "Gosto de mostrar o lado bom da vida urbana, que a maioria de nós considera totalmente desinspiradora", conta a fotógrafa "freelancer", que vive em Bucareste há dez anos, num texto enviado ao P3. Os casais encontram Natalia, ou vice-versa, através das redes sociais ou de amigos em comum. Apesar da aparente confiança entre fotógrafo e retratados, só se conhecem pessoalmente na própria sessão. Até começar a disparar, são "estranhos"; depois, tudo muda. "Não é fácil entrar na privacidade de duas pessoas", admite Natalia, que se vê, não como uma "intrusa", mas como uma "espiã delicada e amigável". E explica porquê. Convida-os a relaxar, a confiar, a serem abertos. Mostra-lhes que a sua história de amor é "uma enorme inspiração para outras pessoas". Pede que a deixem captar o seu lado "espontâneo, selvagem e jovem". Até que se torna invisível e eles ficam sozinhos. "Tudo o que fotografo é natural, deixo-os fazer o que querem fazer, o que costumam fazer. Não preciso que eles briquem 'ao amor'", diz. Mesmo que dê uma ou outra dica para alguma pose, os retratados são "casais reais", nada de actores. Que, apesar de diferentes estilos de vida, idade, estatuto, têm em comum algumas características: "São gentis, brincalhões, emocionais. Sinto o pulso [deles] e o batimento cardíaco quando olham um para o outro". Para já, este é um projecto fotográfico sem fins-lucrativos, mas Natalia vai brevemente começar a vender impressões, livros e, quem sabe, a expor estas imagens em galerias. Continua à procura de mais histórias de amor — publica regularmente novas imagens, a preto e branco e a cores, na sua conta de Instagram. Gostava ainda de retratar casais LGBT e também pessoas de outros países (está à procura de apoios que financiem as viagens). Aos interessados e interessadas, as condições são simples: "As pessoas devem estar loucas de amor, serem abertas e gostar deste tipo de fotografia". Porque Natalia, a tal romântica incurável, é uma mulher com uma missão: "Através da minha fotografia quero fazer com que as pessoas acreditem no amor, sejam românticas, sonhadoras, se apaixonem e expressem os seus sentimentos."