Fotografia
No Irão, a rebeldia respira-se dentro de portas
Hossein Fatemi, fotógrafo da Panos Pictures, é iraniano e tornou-se, graças a esta série fotográfica ("An Iranian Journey"), "persona non grata" no seu país natal. Nas imagens está patente uma cultura subterrânea: mulheres que fumam e que não usam o "hijab" em público, jovens que exibem tatuagens, que posam para fotografia de moda em trajes menores, que organizam concertos de música rock em casas particulares, que têm cães como animais de estimação (animal considerado "imundo" no Irão). Em entrevista ao P3 via email, Hossein Fatemi explica: "A cultura iraniana sempre teve presente duas dimensões: uma que é visível e outra que ocorre dentro de portas". Mas, diz o fotógrafo, o que "acontece à porta fechada raramente chega ao conhecimento público". "Este conceito nas gerações mais jovens vem acompanhado do acesso ao Facebook (embora com dificuldades) e outras redes sociais internacionais, o que resulta numa mudança geracional que cresce exponencialmente dentro de portas." Hossein diz não ter encontrado grandes entraves ou dificuldades enquanto fotografava esta série. Os problemas surgiram sobretudo após a sua publicação. "Devido à publicação destas fotografias, a Panos Pictures foi censurada no Irão e uma das pessoas retratadas foi ameaçada de morte — o que nos forçou a retirar essa imagem. Recebemos imensas ameaças de iranianos radicais através das redes sociais que acreditavam que demos má imagem ao Irão e que o mundo não deveria ver o país e a sua cultura desse modo. Por causa desta série, agora tenho medo de voltar ao Irão e de trabalhar lá." Hossein Fatemi já publicou trabalho por todo o mundo, incluindo no "Sunday Times Magazine", "Newsweek", "Time", "New York Times", "The Guardian" e "National Geographic". No dia 11 de Fevereiro de 2017 termina a campanha de "crowdfunding" que tem como objectivo a publicação de "An Iranian Journey" em formato de fotolivro.