Repúblicas: Nestas casas há sempre muitos conflitos
Vida "A Bordo" da Pra-Kys-Tão
Cristina Cascales e Javier Hedrosa vieram estudar para Coimbra durante um programa Erasmus. Descobriram as Repúblicas e quiseram voltar no ano lectivo seguinte. “Desde o início pensei que era muito interessante encontrar um modo de vida alternativo e que se mostra em contraciclo com o mundo no geral”, diz Cristina Cascales ao P3. Mas não foi amor à primeira vista. Cristina admite que chegou a pensar que poderiam ser as conhecidas casas “okupas”. “Depois apercebi-me que elas não têm nada a ver com isso, já que as casas podem ser muito heterogéneas; há casas de direita, casas de esquerda, mais artísticas ou politizadas, com ou sem cozinheira…”, enumera. Tornaram-se Repúblicos, e durante três meses filmaram o dia a dia da Real República do Pra-kys-tão. Viver “A Bordo” [assim se chama o documentário] da Pra-Kys-tão “foi muito intenso”, dizem ambos, numa entrevista dada por escrito. “Ser Repúblico implica muita responsabilidade”, dizem. E, acrescentam, o mais difícil de morar numa república é ter que lidar sempre com o conflito e a mudança. “Nestas casas sempre há conflitos, porque sempre há muita coisa a acontecer, qualquer pessoa nova que entra na casa (e entram pessoas novas todos os dias) é uma mudança. Para mim isso é o melhor, mas também o mais difícil de lidar”. Sabendo da luta pela sobrevivência que algumas repúblicas travam, Cristina e Javier lembram que estas se inserem na Universidade de Coimbra e no Património Mundial classificado pela Unesco, pelo que câmara e universidade se deveriam juntar no apoio à preservação destas instituições. O documentário “A Bordo” já foi exibido no âmbito nas comemorações dos 725 anos da Universidade de Coimbra, o mesmo evento que abraçou o Projeto R - Arquivo Digital das Repúblicas e que também já está online. L.P.