Transmouraria são as pessoas dentro da Mouraria

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Não quer que o tempo passe sem ser registado e procura que todas as mudanças fiquem assinaladas através da fotografia. Foi com esta ideia que o projecto “Transmouraria” deu os primeiros passos em Fevereiro de 2014. “É preciso criar memória e estou a fotografar para isso.” Carla Rosado começou a fotografar o bairro de Lisboa para um jornal e a partir daí começou a entrar no seu universo e a entender os problemas que fazem dele um sítio com uma ideia estereotipada – problemas de toxicodependência, emigração e más condições de vida. A fotografia apareceu como uma das soluções para pôr fim ao preconceito: “Quero que as pessoas se reconheçam e que percebam a importância de serem como são, que estas diferenças culturais convivem todas no mesmo sítio e que o bairro só tem esta identidade porque fazem parte dele e contribuem para o seu crescimento”, diz. Quando se envolveu no trabalho fotográfico, apercebeu-se de outra coisa – a Mouraria está a mudar. “Fiquei com vontade de conhecer mais, de estar perto das 51 culturas que o bairro alberga, de acompanhar a dinâmica social, o quotidiano, os hábitos, e fui fotografando para, de alguma maneira, preservar a memória deste sítio, destas comunidades que vivem em plena adaptação num bairro que está em transformação, e que ao mesmo tempo continua envolto numa série de preconceitos.” A autora do projecto confessou ao p3 que no futuro gostaria de publicar um livro “como documento visual que pode também ser um utensílio de trabalho”. O propósito seria "mostrar as mutações ocorridas” de forma a conhecer melhor-se a realidade das condições de vida daqueles habitantes. A ideia da fotógrafa vai continuar a ser posta em prática durante o resto do ano pela Associação Renovar a Mouraria.