É uma espingarda ou uma perna? Uma mensagem política ou apenas uma brincadeira? Ai Weiwei terá inventado o novo "planking" ou esta série de imagens é, antes, a expressão artística de um criador contemporâneo que se mexe na internet como ninguém? Nos últimos dias, o instagram do artista e activista chinês foi invadido por centenas de pessoas que fazem da perna a sua arma. Apontam para o vazio, encenam assassinatos, estão em cima de cavalos ou no topo de edifícios abandonados — e tudo começou quando Ai Weiwei, há menos de uma semana, partilhou duas fotografias (uma delas, a última da galeria) com a legenda "Série anti-terrorismo de Pequim" nessa mesma pose. Um passo que é em tudo semelhante ao do ballet "The Red Detachment of Women", criado em plena Revolução Cultural, a que o artista também alude num outro post. Desde então, as perguntas sucedem-se. O que quer dizer este gesto? O que significa este acto numa altura em que se assinalam os 25 anos do massacre de Tiananmen? Terá alguma coisa a ver com os confrontos que despertaram com o início do Mundial de Futebol, no Brasil, ou é uma referência ao tiroteio, perpetrado por um jovem universitário, que vitimou seis pessoas nos EUA? Será que não passa apenas de uma brincadeira? Os utilizadores reflectem essa mesma dúvida, refere ainda o "The Guardian": se uns incluem a etiqueta #endgunviolence, outros mencionam um novo "passo de dança". De Ai Weiwei ainda não chegaram muitas explicações (só mais fotos). Ao "The Washington Post", o artista aceitou explicar-se. Fala de uma "utilização pura das redes sociais", já que aproveita "noções públicas sobre questões complexas — o poder de controlar indivíduos... o medo, as armas, muitos problemas... usar o corpo como uma arma". "Não podes fazer isto num romance, num filme ou no teatro. É mais como poesia... Alguns são tão vazios, outros são tão profundos."