Os queijos e enchidos na montra avisam: o Guedes é aqui (na Praça dos Poveiros, Porto). Há casa cheia e um processo hierárquico: primeiro, lugar na esquina do balcão, devidamente assinalado por uma mancha de vinho. Mais tarde, um lugar que é como o camarote de uma sala de espectáculos: vista de primeira para a pá de porco, para os queijos e enchidos da aldeia, para as panelas da sopa e das papas. O pão é tosco. Chega quente e estaladiço. Mas por pouco tempo. A carne, devidamente repousada no molho, vem tenra e saborosa — a fundir os elementos. Uma sande pede outra. Uma taça pede outra. Há sopa a ferver ao lado do sarrabulho. Arranjamos barriga. No fim, as contas são certinhas, não fossem feitas em papel milimétrico. Não há televisão. Aqui é para comer. João Nogueira Dias