Os rostos do “estrangulado” teatro do Porto

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Uma frase? Só uma? Só mesmo uma? As palavras saem em catadupa, mas arrisca-se. "Cultura? Para quê? Só preciso de pão e chouriço" — Fernando Moreira não teve tempo para a escrever num cartaz, mas seria esta a mensagem (irónica, claro) deste actor de 44 anos. Foi uma das cerca de 50 pessoas que na tarde desta segunda-feira marcou presença na concentração pelas Companhias de Teatro do Porto. O protesto, marcado pela associação Plateia, censura a “contracção brutal” do orçamento da Cultura, a que se soma o aumento da verba disponível para os acordos tripartidos, que implicam uma concertação entre o Estado, a estrutura artística e uma autarquia. Tendo em conta a “hostilidade” da Câmara do Porto “em relação à criação artística contemporânea”, mas também as próprias restrições orçamentais do concurso, os agentes culturais locais temem, assim, um “ano trágico” para as companhias de teatro da cidade. Muitos pensam em sair. É o caso de Amarílis Felizes, 22 anos, uma licenciatura em Economia e outra em Teatro ainda em curso. O que a espera? "O Brasil." AR