Uma vénia ao Porto, Património Mundial


 

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Seríamos sempre actores na nossa cidade, cumprindo um papel diário, mais ou menos rotineiro, sobressaltado, de tempos a tempos, pela euforia da festa. Mas, no Porto, exactos 20 anos depois da classificação do Centro Histórico como Património da Humanidade, pela Unesco, os nossos gestos, neste palco granítico que tem um jeito particular de coar a luz, têm mais público. E há mais festa. Posta nas bocas do mundo, a paisagem urbana, por mais recôndita, deixou de ser apenas nossa, e aquele falar dos putos da Ribeira, língua estranha, às vezes, no nosso próprio país, tornou-se apenas mais um linguajar, entre muitos, de tantos lugares outros, que ecoam, por ruas e vielas, deslumbrados por esta cascata de casas encavalitadas sobre o Douro. A cortina abriu-se há duas décadas. E em cena, há uma cidade densa, imensamente retratada, mas impossível de captar numa fotografia, que tem muitos motivos para festejar. Abel Coentrão