Depois de uma vida dedicada ao ensino, Larry Pennington nunca imaginou que a reforma lhe traria uma nova vocação. O professor norte-americano, de 79 anos, criou uma conta no TikTok no final do ano passado para partilhar o gosto pelas peças vintage e dicas de decoração. Contudo, outro detalhe começou a despertar o interesse dos seguidores: o estilo pessoal de Larry. Agora, todos os dias faz um vídeo para mostrar o que está a vestir.
O primeiro vídeo foi publicado a 18 de Novembro sobre a decoração de Natal da casa na Florida, mas foi quando começou a partilhar o que vestia que Larry Pennington despertou a curiosidade dos seguidores. Em menos de dois meses, alguns dos vídeos tornaram-se virais e já há mais de 228 mil pessoas a acompanhá-lo diariamente para descobrir de onde são as peças que veste, frequentemente modelos vintage e repletos de história.
O gosto pela moda, contou o professor ao The New York Times, foi-lhe incutido pelos pais durante a infância passada em Charleston, na Virgínia Ocidental. O pai era um executivo que vestia fatos por medida e a mãe, dona de casa, tinha um gosto particular por alta-costura e peças de design. “Cresci com memórias maravilhosas das roupas dela e das roupas dele, e foi isso que me fez começar”, reaviva.
Conta que bebeu inspiração tanto ao pai como a mãe, descrevendo o seu estilo como “clássico”, incluindo um tradicional bigode. Larry não dispensa a imaculada alfaiataria, que completa com malhas de caxemira e lenços no bolso dos blazers, além de acessórios que herdou do guarda-roupa da mãe, como brincos que transformou em alfinetes de peito.
Há mais de 40 anos (antes de o tema ser cool) que Larry começou a explorar peças vintage que descobria em lojas de segunda mão ou antiquários de Washington, onde vivia nos anos 1980. Agora, aos 79 anos, continua a procurar pérolas do design, mas a Internet facilitou-lhe a vida. “É preciso treinar o olhar para encontrar coisas que pareçam de qualidade, que tenham as proporções certas”, aconselha, garantindo que é possível encontrar preciosidades em qualquer lado. Noutra entrevista à Newsweek, estima que “um quarto” de todo o seu guarda-roupa venha de lojas vintage.
Hoje lamenta que já não exista tanto brio na hora de vestir como antigamente, em que era “proibido” usar calças de pijama fora de casa e até havia quase um código de etiqueta para viajar de avião “Vestíamo-nos bem para ir a algum lado de automóvel”, aponta. Ele e o marido, David, fazem questão de manter o hábito de se aperaltarem todos os dias, quer estejam na Florida, onde passam os Invernos, ou em Rehoboth Beach, no Delaware, onde vivem o resto do ano.
“Saímos, bebemos um copo, compramos o jantar, trazemo-lo para casa, vamos para o piano, cantamos e tocamos, e depois sentamo-nos e comemos”, descreve Larry, que afiança não ser um esforço gravar o que veste. “De qualquer forma, estou vestido e, assim, tenho a oportunidade de falar sobre coisas, como a diferença entre slip-ons e loafers.”
Larry aplica a mesma exigência de moda não só a si, mas também aos outros. “Se eu der uma festa e não te vestires a rigor, sinto-me insultado. É como se não te tivesses esforçado. Estou a gastar uma fortuna e tu vens como se fosses sachar o jardim”, declara, com humor.
A personalidade de Larry tem-lhe valido um número crescente de seguidores, com os comentários a encherem-se de elogios. “Adoro isto! O seu estilo é intemporal e é um cavalheiro”, elogia uma seguidora. E outro confessa: “A sentir-me muito malvestido em casa, de boxers e camisola de alças.”
Contudo, o boomer (a geração nascida entre 1946 e 1964) garante não julgar os hábitos das novas gerações, apesar de confessar não os compreender. “Não percebo o aspecto da roupa desportiva. Não vou usar uma T-shirt. Para mim, roupa interior não é roupa exterior. E não percebo as calças de fato de treino”, termina.
Resta saber qual a plataforma que Larry Pennington irá eleger para continuar a publicar os seus vídeos se se confirmar o fim do TikTok nos EUA, onde a rede social deverá ser proibida já a partir do próximo domingo, 19 de Janeiro. E, a menos que seja alcançado um acordo para a sua venda a um investidor norte-americano ou que o Supremo Tribunal dos EUA intervenha, Larry e outros criadores de conteúdo ficarão sem trabalho.