Carlos III confirma presença no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz

Primeira viagem do monarca ao estrangeiro em 2025 foi revelada após o Palácio de Buckingham ter informado que o tratamento ao cancro está “a avançar na direcção certa”.

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Na Polónia, Carlos III deverá encontrar-se com membros da comunidade local em Cracóvia, além de ter prevista uma reunião com o Presidente polaco, Andrzej Duda LUDOVIC MARIN/POOL/EPA
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O rei de Inglaterra vai estar entre os líderes mundiais para assinalar o 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, o campo de concentração nazi na Polónia, onde se estima que terão morrido 1,1 milhões de prisioneiros.

O Palácio de Buckingham confirmou a primeira viagem de Carlos III ao estrangeiro do ano, adiantando que o tratamento contra o cancro está “a avançar na direcção certa”. De acordo com a agenda, o monarca irá assistir a uma cerimónia no Museu e Memorial de Auschwitz-Birkenau, programada para 27 de Janeiro. Antes, Carlos deverá encontrar-se com membros da comunidade local em Cracóvia, além de ter prevista uma reunião com o Presidente polaco, Andrzej Duda.

Apesar de boatos sobre uma possível abdicação resultante dos problemas de saúde que sofreu no último ano, a bem-sucedida digressão do rei e da rainha à Austrália e Samoa, em Outubro, terá entusiasmado Carlos, que parece decidido a recuperar a preenchida agenda. Ainda assim, o palácio ressalvou que, por causa dos tratamentos, poderão ser necessárias alterações à sua agenda.

Carlos III junta-se, assim, a uma série de líderes mundiais, que são esperados na Polónia no final do mês. E, embora não haja qualquer indicação da sua intenção de estar presente, a Polónia abriu a porta ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não obstante pender sobre o governante um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra em Gaza.

Numa resolução publicada pelo gabinete do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, na última semana lê-se: “O Governo polaco considera a participação segura dos líderes de Israel nas comemorações de 27 de Janeiro de 2025 como parte do tributo à nação judaica, milhões de cujas filhas e filhos foram vítimas do Holocausto levado a cabo pelo Terceiro Reich.” Em declarações aos jornalistas, Tusk reforçou a ideia: “Quem vier a Oświęcim para as celebrações em Auschwitz terá a garantia de segurança e não será detido.”

Já nesta segunda-feira, o Guardian cita o director do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau para dar conta de que, pela primeira vez, não haverá lugar a discursos, dando espaço e tempo aos sobreviventes do campo. “Não haverá discursos políticos”, disse Piotr Cywiński, numa entrevista recente ao jornal britânico. “Queremos concentrar-nos nos últimos sobreviventes que estão entre nós e na sua história, na sua dor, no seu trauma e na sua forma de nos oferecer algumas obrigações morais difíceis para o presente”, justificou.

Auschwitz-Birkenau tornou-se um campo de extermínio nos últimos anos da Segunda Guerra. Entre os assassínios em massa nas câmaras de gás, as doenças, o frio, a fome, morreram mais de 1,1 milhões de pessoas, na sua maioria judeus, mas também ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais e adversários políticos.

A 27 de Janeiro de 1945, o Exército Vermelho assumiu o controlo do campo, encontrando um cenário chocante. “Vi muitas coisas horríveis e de pesadelo nesta guerra, mas o que testemunhei em Auschwitz ultrapassa a imaginação”, escreveu o militar soviético Georgi Elisavestski numa carta à mulher, quando já era comandante do campo.

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