Caso Rust: Alec Baldwin processa o Ministério Público e o gabinete do xerife

Em causa está a má-conduta das autoridades na ocultação de provas sobre a origem da bala que matou Halyna Hutchins.

Foto
Alec Baldwin entregou os documentos em tribunal nesta quinta-feira CARLO ALLEGRI/Reuters
Ouça este artigo
00:00
02:52

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O actor Alec Baldwin está a processar os procuradores do Novo México e os funcionários do gabinete do xerife. Os documentos, entregues nesta quinta-feira, acusam a justiça de montar uma acusação “maliciosa” contra Baldwin pelo tiroteio fatal de 2021, que vitimou a directora de fotografia Halyna Hutchins no cenário do filme western Rust.

A acção contra a procuradora Kari Morrissey e outros está entre pelo menos uma dúzia de processos civis movidos pela morte de Hutchins, que chocou Hollywood e provocou apelos para uma revisão da segurança das armas de fogo nos sets de filmagem.

O processo, apresentado num tribunal de Santa Fé, vem na sequência do dramático anulamento do caso de Baldwin durante o seu julgamento por homicídio involuntário, em Julho, na capital do Novo México. O juiz considerou que a procuradora e o gabinete do xerife tinham deliberadamente ocultado a Baldwin provas sobre a origem da bala que matou Hutchins.

Durante os últimos três anos, as autoridades do Novo México perseguiram Baldwin com objectivos “políticos” e “pessoais” numa “conspiração” para o levar a julgamento, afirmam os advogados do actor na queixa, na qual é pedida uma indemnização por danos financeiros através de um julgamento com júri. “Os réus devem agora ser responsabilizados pela sua perseguição maliciosa e ilegal de Baldwin”, escrevem.

Os danos a Baldwin incluem desde o comentário da procuradora especial Andrea Reeb de que o caso poderia beneficiar a sua carreira política como deputada estadual republicana até Morrissey apresentar um testemunho “falso e incompleto” para obter uma acusação do grande júri, enumeram.

Morrissey já reagiu à acusação e adiantou que os procuradores já sabiam que o actor iria intentar uma acção civil de retaliação. “Estamos ansiosos pelo nosso dia no tribunal”, declarou à Reuters numa mensagem de texto. Reeb e o gabinete do xerife de Santa Fé não responderam, para já, aos pedidos de comentário.

A directora de fotografia, de origem ucraniana, morreu quando Baldwin lhe apontou a pistola, a engatilhou e poderá ter puxado o gatilho enquanto ensaiavam uma filmagem, num cenário perto de Santa Fé, dizem os seus advogados.

A arma, um revólver do exército, reproduzido em 1873, disparou uma bala carregada inadvertidamente por Hannah Gutierrez, a responsável pelo manuseamento das armas do filme. Gutierrez foi condenada por homicídio involuntário em Março com uma sentença de 18 meses de prisão.

Baldwin, também produtor de Rust, sempre afirmou que não deveria ter sido permitida a entrada de munições no cenário e que não era responsável pela segurança das armas.

No final de Dezembro, a juíza Mary Marlowe Sommer, do Primeiro Tribunal Judicial do Novo México, arquivou o processo com base no facto de a “retenção intencional de informação” estar “tão próxima da má-fé que mostra sinais de preconceito abrasador”. Morrissey continua a negar ter cometido qualquer infracção.

Baldwin tem agora de provar que os arguidos não estão protegidos pela lei estatal que confere imunidade aos funcionários processados por conduta no âmbito das suas funções.