Primeiro-ministro canadiano estará prestes a anunciar a demissão

Fim de linha para Justin Trudeau. Fontes partidárias afirmam ao jornal canadiano The Globe and Mail que o líder dos liberais deverá anunciar a sua demissão até quarta-feira.

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Justin Trudeau é primeiro-ministro do Canadá desde 2015 Blair Gable / REUTERS
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Justin Trudeau, o primeiro-ministro do Canadá, deverá anunciar a sua renúncia à liderança do Partido Liberal (LPC) nos próximos dias, avança o jornal canadiano The Globe and Mail. A demissão do cargo partidário não implica a renúncia imediata à chefia do Governo, não sendo claro se Trudeau será já substituído por uma figura interina, ou se se mantém no executivo até à escolha de um novo líder dos liberais de centro-esquerda, num processo que poderia prolongar-se por três meses.

De acordo com o The Globe and Mail, Trudeau pretende anunciar a sua decisão antes da realização de uma reunião da cúpula liberal marcada para quarta-feira, evitando assim ser afastado pelo partido. A demissão, noticia o diário canadiano, citando três fontes partidárias, pode acontecer já esta segunda-feira.

Dominic LeBlanc, que transitara no final de Dezembro para a pasta das Finanças após a demissão de Chrystia Freeland, terá sido abordado por Trudeau para assumir interinamente a chefia do Governo, acrescenta o mesmo jornal. No entanto, a provável candidatura de LeBlanc à liderança do LPC inviabilizaria esse cenário. George Chahal é outra hipótese para a chefia interina do executivo.

Na corrida à liderança dos liberais, de acordo com o Globe, e para além de LeBlanc e de Freeland, estarão também Mark Carney (antigo governador do Banco do Canadá e do Banco de Inglaterra), Sean Fraser (ex-ministro da Habitação), Mélanie Joly (chefe da diplomacia canadiana), François-Philippe Champagne (ministro da Inovação), Anita Anand (ministra dos Transportes) e Christy Clark (ex-líder do governo da província da Colúmbia Britânica).

Crise de liderança

Líder dos liberais desde 2013 e primeiro-ministro canadiano desde 2015, Trudeau tem sido fortemente penalizado nas sondagens nos últimos anos devido à inflação e à subida dos custos da habitação. Em Setembro, os liberais perderam o apoio parlamentar do Novo Partido Democrático (NDP) de Jagmeet Singh, de esquerda, em protesto pelo incumprimento de promessas de investimento público e de reforço dos serviços sociais.

A crise de liderança acelerou em Dezembro com a demissão de Freeland, então ministra das Finanças e uma importante aliada do primeiro-ministro, em desacordo veemente com a estratégia de Trudeau para responder à ameaça feita pelo Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de decretar pesadas taxas aduaneiras sobre os produtos canadianos. O espectro de uma guerra comercial com o vizinho do Sul, num cenário de ingovernabilidade, estagnação económica e crescente insatisfação social, veio intensificar uma atmosfera de fim de ciclo em Otava, com Trudeau a fazer saber que tinha entrado em reflexão durante o Natal.

O Canadá deverá realizar eleições legislativas até Outubro, com as sondagens a indicar neste momento que, com Trudeau, os liberais seriam dizimados pela oposição conservadora de Pierre Poilievre, consistentemente acima dos 40% de intenções de voto, e que poderiam mesmo ficar abaixo dos 20%, atrás do NDP. A esperada demissão do primeiro-ministro deverá agora acelerar e intensificar pedidos de eleições antecipadas, que não deverão contudo realizar-se antes do final do Inverno.

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