Pressão elevada nos hospitais de Lisboa: Santa Maria com 16 horas de espera

Hospitais estão a ter procura elevada nos últimos dias devido a infecções respiratórias, alguns com cerca de 800 atendimentos por dia. Tempos de espera estão acima do recomendado.

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No Santa Maria, em Lisboa, o tempo médio de espera na urgência geral dos utentes com pulseira amarela (situações urgentes) estava no sábado à noite acima das nove horas, tendo aumentado na manhã de domingo Rui Gaudêncio
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Na manhã desde domingo, 5 de Janeiro, vários hospitais da região de Lisboa continuam sob pressão para atender os utentes com situações urgentes ou muito urgentes, sendo a situação mais complexa no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde os doentes urgentes chegam a esperar cerca de 16 horas para ser atendidos.

No Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) há doentes urgentes a aguardar há mais de 6h30 horas para serem vistos por um médico, enquanto no Beatriz Ângelo (em Loures) a espera permanece nas quatro horas, tal como na noite de sábado. Há, ao mesmo tempo, casos em que as equipas médicas estão a conseguir reduzir os tempos de atendimento em relação ao que se passou nos últimos dias. Ainda assim, Portimão está actualmente com duas horas de espera para os urgentes e Vila Franca de Xira com cerca de quatro horas de espera para os doentes urgentes e uma hora para os muito urgentes.

Por volta das 11h deste domingo, o site da monitorização dos tempos de espera para atendimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) permitia verificar que no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o tempo médio de espera na urgência geral dos utentes com pulseira amarela (situações urgentes) era superior a 16 horas, havendo 28 pessoas nessa circunstância, agravando-se face à noite de sábado quando a espera estava nas 9 horas; no caso das pulseiras laranja (muito urgentes), a espera média era superior a quatro horas, havendo nessa altura quatro utentes a aguardar.

O Hospital Beatriz Ângelo, no concelho de Loures, em Loures - que na manhã de sábado chegou a ter tempos médios de espera superiores a dez horas, obrigando à activação de um plano de contingência - está agora com a situação mais controlada, apesar de os tempos de espera continuarem acima do previsto. Os utentes a precisar de atendimento urgentes esperavam na noite deste sábado cerca de quatro horas (havia, por volta das 20 horas, 37 pessoas a aguardar); para as situações muito urgentes, a espera era de 33 minutos (havendo três pessoas na lista). O plano de contingência activado no Hospital Beatriz Ângelo deverá manter-se activo até, pelo menos, dia 13 de Janeiro.

No Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, conhecido por Amadora-Sintra, o tempo de espera dos utentes urgentes também estava acima das cinco horas, havendo com 34 pessoas à espera; para os casos muito urgentes, as equipas estavam a conseguir dar uma resposta mais célere, tendo conseguido reduzir os tempos de espera que se registaram durante a tarde.

No São João, na cidade do Porto, os casos urgentes estavam com um tempo de espera médio de cerca de duas horas, havendo 9 pessoas a aguardar para serem vistas por um médico; nas situações muito urgentes, embora só houvesse uma pessoa à espera, o tempo previsto era de 21 minutos.

No Hospital Garcia de Horta, em Almada, a situação estava por esta hora bastante mais calma: 12 minutos para atender os doentes urgentes.

Nos Hospitais da Universidade de Coimbra (do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra), a urgência geral também se encontrava com quase quatro horas de espera para quem tem pulseira urgente, situação que abrangia cerca de 26 pessoas; para os casos muito urgentes, o tempo era de 17 minutos.

Números elevados diários

Em Coimbra, só na quinta e sexta-feira, dois dias considerados críticos no âmbito do plano de contingência, a ULS atendeu 1703 utentes nos serviços de urgência (847 episódios no primeiro e 856 no segundo) episódios, dos quais resultaram 90 internamentos. Ao mesmo tempo, houve 809 atendimentos “relacionados com infecções respiratórias nos centros de saúde e 764 atendimentos pela Linha SNS24” (360 na quinta-feira e 404 na sexta).

Em resposta ao PÚBLICO, a ULS Santa Maria, em Lisboa, refere que, na semana das Festas de Natal e Ano Novo, o Serviço de Urgência Central (SUC) “registou uma média de 300 a 350 episódios diários entre 26 de Dezembro e 1 de Janeiro, marcada pela circulação da população”. O número aumentou para 400 utentes na quinta-feira e, na sexta, “os episódios na urgência central aproximaram-se também desse número”.

No Amadora-Sintra, os constrangimentos nos tempos de espera duram há 15 dias. Ao final da tarde deste sábado, o hospital confirmou que “nas últimas 24 horas, as várias urgências — geral, pediátrica, obstétrica, ginecológica e básica (SUB) — registaram um total de 758 admissões.” Só “14% dos doentes que recorreram à Urgência Geral chegaram com encaminhamento prévio do SNS24”, ao contrário do que é recomendado, e, de todas as admissões na Urgência Geral, “57% foram classificadas como casos urgentes, e 17 utentes foram admitidos através da sala de reanimação.”

Considerando apenas o serviço de urgência geral e o serviço de urgência básica (SUB), foram admitidos 600 adultos. “Nos primeiros dias de 2025, entre 1 e 3 de Janeiro, verificou-se um aumento de quase 40% nas admissões de casos menos urgentes no SUB. Apenas 26% destes utentes recorreram previamente à linha SNS24”, refere o hospital.

O último Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe e outros Vírus Respiratórios, publicado pelo Instituto Nacional De Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) na sexta-feira e referente à última semana de 2024 (entre os dias 23 e 29 de Dezembro), dá conta de uma tendência crescente das infecções respiratórias agudas graves.

Texto actualizado às 11h03 de domingo, 5 de Janeiro

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