2025: a confiança de um legado

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O ano de 2025 será decisivo para o movimento olímpico. O Comité Olímpico de Portugal (COP) enfrentará uma escolha crucial entre a continuidade de um modelo de governação com provas dadas e conhecido dos portugueses que, ao longo de 12 anos, consolidou uma instituição de referência, ou a aposta em novos caminhos, cujos rumos permanecem incertos.

A nível internacional, o Comité Olímpico Internacional (COI) verá sete candidatos disputarem a sucessão de Thomas Bach, um líder que redefiniu o papel do olimpismo e do COI no contexto global, equilibrando os valores olímpicos com a sustentabilidade financeira e os direitos humanos.

Em Portugal, o desporto atravessa uma fase promissora, mas também desafiante. O recente compromisso do Governo, com um pacote de 65 milhões de euros para 2025-2028, na esteira dos resultados alcançados nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, representa um marco importante, impondo ao COP e às federações uma gestão rigorosa, transparente e orientada para resultados. O reforço das federações, que assumem agora um papel central na execução dos objectivos estratégicos, é fundamental, exigindo uma governação moderna, ética e rigorosa.

Mais do que nunca, é necessário fortalecer a unidade e coesão do desporto nacional. A colaboração entre o COP, federações, autarquias e parceiros privados será determinante para superar assimetrias e criar um desporto verdadeiramente inclusivo e acessível.

Este alinhamento estratégico é crucial para consolidar o progresso e sustentar o desenvolvimento em todas as suas dimensões: desde as infra-estruturas e formação até aos programas de inclusão e a promoção de jovens talentos, passando pela recolha de dados que se impõem para a tomada de decisões devidamente informadas.

A continuidade do legado de José Manuel Constantino é essencial para o futuro do desporto em Portugal. Sob a sua liderança, o COP não apenas consolidou a sua credibilidade como uma instituição de excelência, mas também transformou o desporto num instrumento de mudança social.

A equipa que o acompanhou ao longo destes anos é a melhor guardiã dessa herança, garantindo que os princípios que nortearam o COP continuem firmes, diante de pressões externas ou de visões sem a experiência necessária na governação de um comité olímpico.

Olhando para o futuro, o COP tem de manter a aposta nas esperanças olímpicas como base para sustentar os sucessos de Tóquio e Paris. Paralelamente, urge continuar a reforçar o papel do desporto na sociedade, ampliando as suas ligações com a cultura, a ciência e a inclusão. O desporto não é apenas uma questão de medalhas - é uma força para a coesão social e o desenvolvimento humano. Uma política pública relevante.

Em 2025 está em causa um voto de confiança para continuar esse caminho. Trata-se de uma oportunidade única em reafirmar um compromisso com um projecto de excelência, com a garantia do saber-fazer que conferiu maior unidade e sustentabilidade ao desporto nacional, com os resultados conhecidos.

Para isso, o trabalho da equipa de José Manuel Constantino deve servir como referência, estabelecendo as premissas para um futuro onde o desporto seja, verdadeiramente, um exemplo de integridade, ambição e impacto positivo na sociedade. Onde as suas organizações de cúpula sejam efectivamente independentes e autónomas.

O COP tem de garantir que o desporto se mantenha como uma força transformadora para as futuras gerações, e figure noutro lugar de destaque no desenvolvimento nacional para projectar Portugal da condição periférica que persiste no contexto desportivo europeu.

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