Inflação cai para 2,4% face a 2023, mesmo com subida no final do ano
Preços subiram mais rapidamente na recta final de 2024, mas o valor médio anual caiu pelo segundo ano consecutivo.
A inflação média anual terá ficado nos 2,4% em 2024, segundo a primeira estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), significativamente abaixo dos 4,3% de 2023 e dos 7,8% de 2022.
O facto de a inflação média anual voltar a descer em 2024 sugere que a política de juros altos aplicada pelo Banco Central Europeu (BCE) pode ter travado o ritmo de crescimento dos preços. Mas o valor preliminar de 2,4% em Portugal também mostra que este indicador, que mede esse ritmo de crescimento, está ainda acima do valor-objectivo do BCE para o conjunto da zona euro, em torno dos 2%.
Segundo o INE, a taxa de variação homóloga em Dezembro foi de 3% em Portugal, quando tinha sido de 2,5% em Novembro. Este indicador sobe pelo quarto mês consecutivo, num movimento iniciado em Setembro.
Desta vez, a subida de 4,9% nos produtos energéticos (tinha sido de 2,6% no mês anterior) e de 3,4% nos produtos alimentares não transformados (1,9% em Novembro) foram os principais agregados a contribuir de forma mais relevante para aquela subida de preços registada pela inflação homóloga, assinala a autoridade estatística nacional.
Mesmo sem aqueles dois agregados, o indicador de inflação subjacente foi de 2,8%, portanto acima dos 2,6% em Novembro, acrescenta o INE.
De Novembro para Dezembro, os preços também subiram ligeiramente, em 0,1%. Mas entre Outubro e Novembro, os preços tinham baixado 0,2%. E em 2023, por esta altura, os preços até caíram 0,4%.
Mesmo assim, a economia regista pelo segundo ano consecutivo uma descida da inflação média anual. Depois de 7,8% e 4,3%, em 2022 e 2023, respectivamente, o ano de 2024 fechará com 2,4%.
É notório que a inflação mensal continua a flutuar, o que será da sua natureza mas também porque as condições macroeconómicas continuam, como diz a presidente do BCE, rodeadas de incertezas e não exactamente sob controlo.
O mercado laboral europeu tem-se aguentado, apesar da galopante subida das taxas de juro que o BCE só interrompeu no Verão de 2024. Os responsáveis queriam uma "aterragem suave", isto é, que o agravamento dos custos mais altos de financiamento de empresas e famílias fosse o suficiente para controlar a subida de preços sem provocar recessão nem desemprego.
A taxa de desemprego na zona euro é de 5,9%, segundo os dados divulgados este mês e relativos a Outubro. Menos 0,2 pontos percentuais do que há um ano. Porém, espera-se recessão na Alemanha em 2024 (quebra de 0,1% no produto interno bruto) e crescimento lento em 2025 (subida do PIB de 0,7%), com a inflação deste ano nos 2,4% e a estimativa apontando para um valor abaixo dos 2% apenas em 2026.
Em Espanha, a inflação média anual é de 2,8%, abaixo dos 3,6% de 2023, segundo a primeira estimativa.
A variação do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (que permite a comparação com outros países da União Europeia) foi de 3,1% em Portugal. No caso espanhol, de 2,8%.
Os dados nacionais definitivos serão divulgados a 13 de Janeiro de 2025 pelo INE.