Polícia espanhola prende suspeitos de matarem migrantes em barco rumo às Canárias
Traficantes de pessoas, que foram detidos em Tenerife, terão assassinado quatro migrantes durante a travessia, em Novembro.
A polícia espanhola anunciou este domingo a detenção de sete alegados traficantes de pessoas suspeitos de terem assassinado quatro migrantes durante uma travessia por mar, em Novembro, rumo à ilha de El Hierro, no arquipélago das Canárias.
De acordo com um comunicado citado pela agência France-Presse (AFP), sete pessoas foram presas enquanto se encontravam num centro de acolhimento de urgência na ilha de Tenerife, segundo a Guarda Civil espanhola.
Os arguidos eram “capitães de um barco que chegou ao porto de La Restinga, na ilha de El Hierro, no dia 3 de Novembro, com 207 migrantes a bordo e no qual terão assassinado quatro pessoas dois dias antes de chegarem à costa das Canárias”, especifica a Guarda Civil.
A investigação começou a partir de testemunhos dos ocupantes do barco que descreveram a travessia como “um verdadeiro pesadelo”.
As investigações conseguiram apurar que a embarcação tinha inicialmente saído da Gâmbia e feito escala na ilha senegalesa de Bassoul, onde a maioria dos migrantes embarcou.
Após três dias de navegação, três dos traficantes, responsáveis por manter a ordem no barco, decidiram tomar medidas de retaliação contra vários migrantes.
Segundo a Guarda Civil, um dos ocupantes, "provavelmente afectado pela dureza da viagem, teve um episódio de desorientação, que levou os três capitães a responsabilizá-lo pelos infortúnios da viagem, infligindo-lhe espancamentos severos, bem como àqueles que o defenderam".
Em retaliação, os traficantes “decidiram assassinar quatro deles para assustar os restantes migrantes”, continua esta fonte.
Quatro das três vítimas foram identificadas e as suas famílias foram informadas das suas mortes.
Entre o grupo de migrantes que chegou às Canárias durante esta travessia, um teve de ser transferido para o hospital onde foi operado após uma lesão no peito, que poderá ter sido provocada por um golpe de faca, segundo a polícia espanhola.
A Espanha é uma das três principais portas de entrada de imigração para a Europa, juntamente com a Itália e a Grécia. O número de migrantes que entram irregularmente no país através das Canárias aumentou acentuadamente nos últimos meses.
Desde o início da semana, cerca de 10 barcos com mais de 500 pessoas a bordo foram resgatados neste arquipélago, anunciaram os socorristas marítimos espanhóis na rede social X.
Segundo dados do ministério, 43.737 migrantes desembarcaram nas Canárias entre Janeiro e meados de Dezembro, em comparação com 36.888 durante todo o ano passado, um aumento de 18,6%.
E desde o início do ano, 60.216 migrantes entraram ilegalmente em Espanha por terra ou por mar, segundo as autoridades que contabilizaram numerosas mortes durante as travessias.
Em 2024, mais de 10.400 migrantes terão morrido ou desaparecido no mar quando tentavam chegar a Espanha, segundo um relatório publicado na quinta-feira pela ONG espanhola Caminando Fronteras.