Ministério da Saúde retoma as negociações com o sindicato dos farmacêuticos

Sindicato lembra que a tabela remuneratória dos farmacêuticos permanece inalterada desde 1999.

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O sindicato refere que os farmacêuticos "enfrentam condições de trabalho degradantes", sem qualquer perspectiva de evolução, o que obriga muitos destes profissionais a abandonar o SNS ou a emigrar Nuno Ferreira Santos (arquivo)
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O Ministério da Saúde retoma esta sexta-feira as negociações com o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF), após três meses de interregno e de reuniões sucessivamente adiadas pela tutela, disse à Lusa o presidente da estrutura sindical.

"Espero que finalmente se consiga, pelo menos, ter em cima da mesa uma proposta sobre a qual valha a pena começar a falar e vamos tentar também pôr em cima da mesa uma série de outras questões que também é preciso discutir", afirmou Henrique Reguengo.

Realçou, contudo, que a tabela remuneratória dos farmacêuticos é o "ponto fulcral" da discussão com a equipa ministerial.

Henrique Reguengo sublinhou que a tabela remuneratória dos farmacêuticos permanece inalterada desde 1999, enquanto ao longo de 25 anos todas as outras tabelas remuneratórias das carreiras revistas da saúde foram actualizadas.

"Sem essa revisão, tudo o resto se torna despiciendo, porque não há qualquer factor da atractividade para os farmacêuticos virem para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e isso já se está a reflectir e vai-se reflectir cada vez com mais gravidade no SNS", alertou o sindicalista, esperando que hoje se inicie "um processo que tenha um bom termo".

Abandonar o SNS ou emigrar

Questionado sobre qual o aumento salarial proposto pelo sindicato, Henrique Reguengo disse que se baseou no que acontece em Espanha, em França, em Marrocos, onde "a progressão farmacêutica tem o mesmo nível de diferenciação académica e profissional que a carreira médica e o mesmo tipo de vencimento". Mas os farmacêuticos estão abertos a contrapropostas, "o problema é que nem contraproposta houve até agora", lamentou.

Segundo o líder sindical, as reuniões com o Ministério da Saúde têm sido sucessivamente desmarcadas, tendo a última ronda negocial decorrido em Setembro.

A reunião seguinte tinha sido marcada para 2 de Outubro e, como foi desmarcada sem nova data, os farmacêuticos convocaram uma greve entre 22 e 24 de Outubro, com uma adesão que rondou os 90%.

Depois desta paralisação, foi agendada nova reunião para 27 de Novembro, que foi novamente adiada para 12 de Dezembro, altura em que a tutela adiou mais uma vez o encontro, passando-o para hoje.

Para Henrique Reguengo, esta postura da tutela "é incompreensível, é injustificável e só comprova que continua a haver um grande nível de desconhecimento na classe política sobre o papel que os farmacêuticos desempenham, neste caso, no caso no Serviço Nacional de Saúde".

Os farmacêuticos exigem urgência na finalização deste processo negocial, sublinhando a necessidade de uma proposta de grelha remuneratória que "reconheça plenamente as responsabilidades e a complexidade das funções" exercidas pelos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde e apelam "a um compromisso e à boa-fé" dos ministérios da Saúde e das Finanças.

O sindicato refere que os farmacêuticos "enfrentam condições de trabalho degradantes", sem qualquer perspectiva de evolução, o que obriga muitos destes profissionais a abandonar o SNS ou a emigrar.