O que disseram ao Ípsilon em 2024: leia ou releia algumas das melhores entrevistas
A arte, a vida, o que fazemos neste planeta. Ouçamos Francis Ford Coppola, Yuval Noah Harari, Jon Fosse, Luísa Costa Gomes, Pedro Almodóvar, Yayoi Kusama, Patti Smith e tantos outros.
“Nós, seres humanos, não temos sido livres, temos sido escravizados. Quem se atreve a escravizar uma espécie tão genial?” — Francis Ford Coppola, realizador
“[Na inteligência artificial] estamos a carregar no acelerador com toda a força e ninguém sabe como carregar nos travões” — Yuval Noah Harari, historiador
“Há algo de belo em ter uma missão” — Patti Smith, música
“A escrita tirou-me do ateísmo. Não se consegue explicar o que acontece ao escrever numa visão apenas materialista, é impossível” — Jon Fosse, escritor
“A língua (…) está a definhar por falta de uso, perdeu o músculo, porque as pessoas deixaram de falar” — Hélia Correia, escritora
“Existe uma profunda fractura cultural. Somos cada vez menos capazes de nos ouvirmos uns aos outros” — Michael Sandel, filósofo
“É como se sentíssemos que deixámos para trás o futuro, entendido como promessa de emancipação e lugar onde possamos projectar lutas, criações e desejos de justiça e igualdade, de vida mais digna” — Marina Garcés, filósofa
“Está a haver muitas rupturas, mas não as rupturas certas” — Samuel Úria, músico
“As democracias liberais chegaram a uma espécie de limite, de tal maneira que se pode falar em pós-democracia. O limite leva-as a que só queiram conservar-se a si próprias” — José Gil, filósofo
“Não gosto dos tempos modernos, a não ser os do Chaplin. Está cada vez pior a realidade do dia-a-dia, a arquitectura, a tecnologia” — Aki Kaurismäki, realizador
“[Em Lisboa] Houve sociedades recreativas despejadas às dezenas. Devemos reflectir sobre o que aconteceu a essa vida colectiva” — José Smith Vargas, autor de BD
“Hoje vejo-me, velha anarquista, a pedir: “Mais Estado, por favor!”” — Luísa Costa Gomes, escritora
“Precisamos que sejam as pessoas com deficiência a liderar as suas próprias narrativas e que seja a própria comunidade a liderar aquilo que faz falta” — Diana Niepce, coreógrafa
“Se só fizéssemos o que é bom, o que é moralmente correcto, não sobreviveríamos” — Benjamín Labatut, escritor
“Não é possível tocarmos alguém sem sermos tocados ao mesmo tempo. Interessa-me a mutualidade dessa experiência” — Faye Driscoll, coreógrafa
“As pessoas mais incríveis que conheci na vida estão na terra indígena e acho que nunca perderei esta admiração” — João Salaviza, realizador
“A música falou aos explorados e os explorados ouviram-na e sentiram que a vida não é esta fatalidade de servir o patrão até que as forças se esgotem e toda a beleza se esbata” — A Garota Não, música
“Muito do que os trabalhadores artesanais faziam em várias indústrias não podia ser feito por máquinas. Hoje, há tecnologias que podem tornar tudo muito mais distópico” — Daron Acemoglu, economista
“A poesia permite-nos sair do mundo e depois voltamos revigorados, mais atentos e incisivos. Politicamente, espiritualmente” — Andreia C. Faria, poeta
“Perante a morte sou como uma criança, não sou alguém maduro” — Pedro Almodóvar, realizador
“Preciso da arte para lutar contra os meus instintos de morte” — Yayoi Kusama, artista plástica
“Há uma desconfiança do espaço público: a liberdade de que desfrutei enquanto criança nos anos 1960 esfumou-se há muito” — Francis Alÿs, artista
“Estamos a educar as crianças e os jovens para que pensem apenas na produção, para aprenderem coisas “úteis”, para contribuírem para a economia. Não são educados para serem críticos ou rebeldes” — Antonio Monegal, ensaísta
“Estou sempre nesta luta de romper esta coisa cristalizada dos museus, de não tocar nas coisas” — Carlos Bunga, artista plástico
“Mesmo quando as mulheres são agredidas, não são apenas vítimas. (…) Essa é também uma maneira de as apresentar como seres frágeis, é uma maneira de duplamente as vitimizar e as invisibilizar” — Mathilde Monnier, coreógrafa
“A pergunta hoje não é “o que é a fotografia”, mas antes “o que pode vir a ser”” — María Santoyo, directora do PhotoEspaña
“Claro que tenho medo. Tenho medo porque a opinião dos outros é a única coisa que temos. Podemos fingir e dizer “quero lá saber”, mas infelizmente somos 100% dependentes da opinião dos outros” — Miguel Esteves Cardoso, cronista
“Vivemos num país pequeno sob uma espécie de temor reverencial” — Mário Cláudio, escritor
“Assusta-me muito este medo da complexidade que existe hoje; que nos assuste tanto que andemos à procura de grandes soluções, milagres, discursos messiânicos para salvar o mundo” — Mia Couto, escritor
“Uma banda é como um casamento com um monte de pessoas diferentes. Quem é que aguenta estar casado com várias pessoas?” — Lias Saoudi, músico dos Fat White Family
“É vital que os cineastas mais jovens tenham consciência dos seus direitos e deveres: lutem para que o vosso filme vos pertença” — Pedro Costa, realizador
“A grande verdade que não tem sido dita é que a classe operária tem muito poder — mas está adormecida. Esse poder não tem sido utilizado” — Ken Loach, realizador
“Sou estrangeiro, refugiado e viajante. Vou de um lugar para outro e não há nenhum lugar a que chame lar” — Ai Weiwei, artista plástico
“Tem de haver uma visão circulatória do estuário do Tejo, em que se possa ir de Almada para o Seixal, do Seixal para o Barreiro, do Barreiro para o Montijo. É esta metrópole que anda à volta da água que tem de se chamar Lisboa” — Ricardo Bak Gordon, arquitecto
“Gosto muito de perceber, em cada filme, que se trata de algo que nunca fiz antes. Para que seja uma aventura perigosa” — Patricia Mazuy, realizadora
“Adoro isso, o cinema como construtor da nossa relação com a beleza e com a fealdade” — Coralie Fargeat, realizadora
“Se sou artista, faço o que faço, quando quero e como me apetece. Porque gosto e porque sou assim” — Pedro Cabrita Reis, artista
“A grande arte deve levar-nos ao lugar do silêncio” — Paul Lynch, escritor