Antiga família real da Grécia recupera a cidadania e o apelido De Grèce

Dez membros da família, incluindo os filhos e netos do antigo rei Constantino, que morreu em 2023, e era irmão da rainha Sofia, de Espanha, requereram a cidadania na semana passada.

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Oa antigos príncipes Pavlos, Nikolaos e Philippos no funeral do último rei da Grécia, Constantino II, em Atenas Louiza Vradi/Reuters
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A antiga família real da Grécia recebeu a cidadania grega e prometeu lealdade ao povo, num marco histórico, 50 anos depois de o país ter abolido a monarquia.

Dez membros da família, incluindo os filhos e netos do antigo rei Constantino, que morreu em 2023, e era irmão da rainha Sofia, de Espanha, requereram a cidadania na semana passada. A antiga família real congratulou-se com a decisão através de uma declaração na segunda-feira, afirmando que a morte do seu pai e avô tinha marcado o fim de uma era.

No entanto, a sua escolha de usar o apelido De Grèce — que em francês significa "da Grécia" — irritou os políticos de esquerda que afirmam que um título de nobreza é inconstitucional. "O apelido que escolheram prova que querem manter um mito", justifica Nikos Androulakis, líder do partido de centro-esquerda PASOK, o principal partido da oposição.

Os antigos membros da realeza afirmaram que a escolha de um apelido era um pré-requisito para o restabelecimento da sua nacionalidade, cuja perda os tinha tornado apátridas e lhes tinha causado grande sofrimento emocional. A família, segundo eles, era e continuará a ser leal à Grécia. "É com profunda emoção que, ao fim de 30 anos, voltamos a deter a cidadania grega", afirmaram.

O antigo rei Constantino II da Grécia subiu ao trono em 1964, mas o seu reinado foi marcado pela instabilidade política que culminou num golpe militar em 21 de Abril de 1967. Após a queda da junta em 1974, os gregos rejeitaram a monarquia num referendo, fazendo de Constantino o último rei da Grécia.

Em 1994, Atenas retirou-lhe a cidadania e definiu as condições em que ele e a sua família poderiam ser reconhecidos como cidadãos gregos. Os partidos de esquerda afirmam que os imigrantes que trabalham na Grécia estão a ter de esperar décadas para obter a cidadania, apesar de cumprirem os critérios, e acusam o Governo conservador de tentar ganhar votos. O governo diz que a questão é uma formalidade e que a democracia pode proteger-se, mantendo-se uma república.