É uma das raras ocasiões em que se vê toda a realeza europeia num só espaço. Esta segunda-feira, muitos monarcas europeus despediram-se do último rei da Grécia, Constantino II. Destacaram-se o débil Juan Carlos, rei emérito de Espanha, acompanhado pela mulher Sofia, irmã de Constantino, e do filho, Felipe VI, mas também Margarida II da Dinamarca, irmã da viúva Ana Maria. Entre as ausências, o príncipe William, afilhado do antigo monarca.
Com 82 anos, Constantino da Grécia morreu a 10 de Janeiro, em Atenas. Foi no país onde só havia reinado durante nove anos que passou os últimos anos de vida, marcados por vários problemas de saúde, incluindo doença crónica cardíaca e de problemas de mobilidade. O período de Constantino no trono coincidiu com uma das alturas mais turbulentas da história política do país.
O único filho do rei Paulo e da rainha Frederica ascendeu ao trono em 1964, depois da morte do pai, mas o reinado terminaria prematuramente em Abril de 1967, na sequência de um golpe militar. Seria esse o primeiro passo para a abolição da monarquia na Grécia. Constantino foi obrigado a fugir para Roma, onde ficou até 1973, quando deixou oficialmente de ser o soberano.
Constantino era irmão da rainha emérita Sofia de Espanha e, como tal, foi ela uma das figuras centrais no funeral, que se realizou na manhã desta segunda-feira na Catedral de Atenas. Sofia foi acompanhada do marido Juan Carlos e sentaram-se numa posição diferente dos reinantes Felipe VI e Letizia.
Os reis eméritos foram acompanhados de toda a família, incluindo as duas filhas Elena e Cristina e os seis netos — as princesas Leonor e Sofia, filhas de Felipe e Letizia, não estiveram presentes.
Foram convidadas mais de 1500 pessoas, incluindo os representantes das monarquias de toda a Europa. Em representação da família real britânica esteve a princesa Ana acompanhada do marido Timothy Laurence — a filha mais velha de Isabel II é o membro mais respeitado do clã.
Constantino era padrinho do príncipe William, herdeiro do torno, mas o príncipe de Gales não marcou presença. O duque de Edimburgo, Filipe, nasceu em Corfu, na Grécia, daí a proximidade entre as duas casas reais. Além disso, o rei deposto e a família viveram em Londres durante vários anos.
A casa real dinamarquesa esteve em peso dada a proximidade familiar. Margarida II, a monarca há mais tempo no torno na Europa, é irmã de Ana Maria, a viúva de Constantino. A rainha de 82 anos foi acompanhada da irmã Benedita e dos filhos, os príncipes Frederik e Joachim. Em sinal de respeito, as bandeiras no Palácio de Amalienborg, em Copenhaga, estão a meia haste.
Estiveram ainda presentes os reis Guilherme-Alexandre e Maxima dos Países Baixos; Filipe e a rainha Matilde da Bélgica; Carlos XVI Gustavo e Silvia da Suécia; assim como Henri e Maria Teresa, grão-duques do Luxemburgo. Quem chegou sozinho foi Alberto do Mónaco, levantando, uma vez mais, suspeitas sobre a saúde do casamento com Charlene.
À porta da catedral reuniram-se milhares de gregos para se despedir do último rei, muitos dos quais continuavam a vê-lo como soberano. “Fui e sempre serei monárquica. Estou triste, mas, ao mesmo tempo, orgulhosa por ter conseguido honrá-lo até aos últimos segundos de vida”, disse à Reuters Dionysios Klonaris, um dos cidadãos a prestar a última homenagem.
A viúva, Ana Maria, acompanhada do filho Pavlos, estava visivelmente comovida com tal manifestação de apreço e quis deixar um agradecimento a quem acompanhou a família durante este período difícil. Constantino e a princesa dinamarquesa foram casados durante quase 59 anos e tiveram cinco filhos: Alexia, Pavlos, Nikolaos, Theodora e Philippos.
Depois do funeral, durante a tarde, terá lugar o enterro no Palácio Real de Tatoi, propriedade do estado grego, e onde estão enterrados todos os antigos reis daquele país. De lembrar que Constantino tinha perdido a cidadania grega e só regressou à Grécia em 2009. Anos antes, a família recebeu 13,7 milhões de euros em compensações pela perda de propriedades, incluindo o palácio real.