Trump e republicanos no Congresso defendem investigação do FBI a Liz Cheney

Relatório acusa ex-congressista republicana crítica de Trump de ter manipulado uma testemunha-chave da comissão sobre o assalto ao Capitólio. Democratas acusam republicanos de “reescrever a história”.

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Liz Cheney, ex-congressista republicana crítica de Trump e vice-chairman da comissão ao ataque ao Capitólio de 6 de Janeiro de 2021 JONATHAN ERNST / REUTERS
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Um relatório de um subcomité de supervisão do Congresso recomenda a abertura de uma investigação criminal à ex-congressista republicana Liz Cheney, crítica de Donald Trump e apoiante de Kamala Harris nas últimas eleições presidenciais. Cheney é acusada de conluio e manipulação de testemunhas no âmbito da comissão de inquérito ao ataque ao Capitólio de 6 de Janeiro de 2021, que atribuiu ao agora Presidente-eleito dos Estados Unidos a responsabilidade pelos incidentes.

Trump reagiu durante a noite, através da sua rede social, a Truth Social, declarando que Cheney "pode estar em grandes apuros".

O documento, divulgado na terça-feira e já criticado pelos democratas, é assinado por um painel liderado pelo congressista republicano Barry Loudermilk e acusa Cheney de ter influenciado uma "dramática alteração de testemunho" por parte de Cassidy Hutchinson, uma antiga funcionária da primeira Administração Trump que se tornou numa figura-chave do inquérito ao ataque de 6 de Janeiro.

Em Junho de 2022, e sob juramento, Hutchinson acusou Trump de ter ignorado apelos internos para travar a multidão de apoiantes que atacava o Capitólio e de ter exibido um comportamento inusitado na Casa Branca enquanto os incidentes decorriam, arremessando objectos e hostilizando funcionários da Presidência e dos serviços secretos. Hutchinson acusou ainda o seu anterior advogado, Stefan Passantino, de a ter instruído no sentido de omitir o que saberia sobre o dia do ataque, acabando por mudar de representação legal.

O relatório de Loudermilk acusa agora Cheney de ter estado em contacto com Hutchinson através da plataforma de mensagens encriptadas Signal, antes do depoimento da ex-funcionária da Casa Branca e sem o conhecimento do advogado da testemunha, à revelia da lei federal. O republicano acusa ainda Alyssa Farah Griffin, outra antiga funcionária da Presidência que é agora comentadora na CNN, de ter mediado contactos entre Hutchinson e membros do Congresso.

"Com base nas provas obtidas por este subcomité, inúmeras leis federais foram possivelmente violadas por Liz Cheney, a antiga vice-chairman da comissão do 6 de Janeiro, e estas violações devem ser investigadas pelo FBI", conclui o documento.

Democratas acusam republicanos de 'reescrever a história'

Em reacção, Cheney, que deixou o Congresso em 2022 após ser derrotada nas primárias do Wyoming por uma candidata apoiada por Trump, afirma que as acusações dos antigos colegas republicanos são falsas e difamatórias, e que visam "desvalorizar a verdade e o peso tremendo das provas" reunidas pela comissão de inquérito.

"Estas alegações não reflectem qualquer análise de provas reais, e são um ataque malicioso e cobarde à verdade. Nenhum advogado, legislador ou juiz reputável levaria isto a sério", acrescenta.

O congressista democrata Bennie Thompson, antigo chairman da comissão, acusa Loudermilk de tentar "reescrever a história para os seus fins políticos".

O documento vem intensificar a pressão sobre Cheney, filha do antigo vice-presidente norte-americano Dick Cheney e uma das mais destacadas republicanas a romper com a Trump, a votar favoravelmente o processo de impeachment pelos acontecimentos de 6 de Janeiro, e a fazer campanha pelos democratas.

Trump, que durante a campanha proferiu uma piada com alusões a actos de violência contra Cheney, já tinha afirmado anteriormente que os membros da comissão do 6 de Janeiro deveriam ser presos, embora garantisse que não iria partir de si qualquer ordem nesse sentido, e que os manifestantes detidos na sequência do assalto ao Capitólio poderão ser objecto de um perdão presidencial assim que o republicano voltar a tomar posse como Presidente dos Estados Unidos.

O renovado ataque a Cheney vem também intensificar o debate sobre a possibilidade de perdões presidenciais preventivos, ainda por iniciativa do Presidente democrata Joe Biden, para proteger a antiga congressista republicana e outras figuras políticas e governamentais face a eventuais investigações por parte da próxima Administração.

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