Shoppings e hotéis: a ambição do BTG Pactual pelo mercado imobiliário de Portugal

Fundo Iberia, administrado pelo banco brasileiro, arremata controle do TorreShopping, em Torres Novas. No total, o BTG tem 1 bilhão de euros para investir em ativos imobiliários na Europa.

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O TorreShopping é a mais recente aquisição do banco brasileiro BTG Pactual em Portugal DIVULGAÇÃO
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O apetite do banco brasileiro BTG Pactual por ativos imobiliários em Portugal está mais aguçado do que nunca. Por meio do fundo de investimento Iberia, a instituição arrematou o controle do TorreShopping, em Torres Novas, distrito de Santarém, a cerca de 130 quilômetros de Lisboa, e promete novas aquisições. O valor do negócio é mantido sob sigilo, mas se sabe que o banco estipulou como quantias mínimas e máximas para compras entre 50 milhões e 150 milhões de euros (R$ 315 milhões e R$ 945 milhões).

"Há um objetivo claro do BTG Pactual em montar uma boa carteira de ativos imobiliários na Europa, com destaque para Portugal", diz Eduardo Velho, economista-chefe da Equador Investimentos. "O banco, inclusive, já anunciou que as carteiras atuais dos três fundos com os quais opera no ramo imobiliário na Europa já têm mais de 320 milhões de euros (R$ 2 bilhões) em ativos e a meta é chegar a 1 bilhão de euros (1 mil milhões de euros ou R$ 6,3 bilhões) nos próximos anos", acrescenta.

Em Portugal, o BTG Pactual já comprou o Shopping Tavira Gran Plaza, no Algarve, por cerca de 50 milhões de euros (R$ 315 milhões); o Estoril Eden Hotel, em Cascais, por 120 milhões de euros (R$ 756 milhões); e, mais recentemente, o luxuoso hotel The Oitavos, construído pela família Champalimaud, também em Cascais, por 150 milhões de euros (R$ 945 milhões) — o cinco estrelas se tornará Fasano Cascais.

"O que vemos é Portugal como destino de pessoas de alta renda, atraídas por uma série de fatores, como segurança, clima mais ameno do que em outros países da Europa, facilidade de deslocamento pela região, bons restaurantes. Isso é qualidade de vida, e move o mundo dos negócios", assinala Ricardo Rocha, professor da escola de negócios Insper. Magda Portugal, CEO da Portogallo Family Office, ressalta que os milionários brasileiros escolheram Portugal como destino preferencial para viver.

Para Luiz Eduardo Osório, CEO da LTS Investments, é possível que, com tanto interesse por Portugal, o BTG Pactual entre na disputa pelo controle do Novo Banco, que será vendido em 2025. A instituição brasileira já tem autorização para operar em território luso. Além de Portugal, tem escritórios em Madri e em Londres e comprou o FIS PrivatBank em Luxemburgo.

Rentabilidade dos negócios

O controle do TorreShopping, inaugurado em 2005, estava, há 10 anos, em poder do fundo alemão Deka Immobilien. Agora, sob o comando do BTG Pactual, deve ganhar uma cara ainda mais moderna do que a que resultou da renovação ocorrida em 2021. O centro comercial está numa região com cerca de 230 mil habitantes, tem área bruta para locação total de 12.200 metros quadrados, 49 lojas e 700 vagas de estacionamento. São cerca de 2 milhões de visitantes por ano.

Pelo projeto do BTG Pactual, a ideia é passar os ativos imobiliários adiante dentro do prazo de cinco anos. "Com certeza, as chances de valorização desses ativos são grandes", assinala Eduardo Velho. "Estamos falando de um mercado com uma moeda sem grandes oscilações e uma economia sem muitos sustos", acrescenta ele, lembrando que o banco não está focado apenas em brasileiros de alta renda que vivem na Europa, mas nos próprios europeus e norte-americanos.

Ricardo Rocha também vê o BTG bem posicionado em Portugal e em outros países da Europa, gerindo, atualmente, mais de 6 bilhões de euros (6 mil milhões de euros ou R$ 38 bilhões) em ativos. "Há muito espaço para o banco crescer", acredita. Procurado pelo PÚBLICO Brasil, a instituição não se manifestou.

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