Depois de anos à espera de um ovo, tratadores descobrem que Maggie é um pinguim macho

Magnus, como foi rebaptizado, acasalou com outros machos durante quatro anos. Um teste de ADN revelou que o pinguim-rei era um macho.

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  • Maggie foi oferecido ao zoo como parte de uma iniciativa de reprodução
  • Apesar de acasalar com machos durante quatro ano, nunca tinha posto um ovo
  • Teste de ADN às penas de Maggie revelou que o pinguim de dez anos era, afinal, macho

Durante quatro anos, os tratadores do Birdland Park and Gardens esperaram pacientemente que Maggie, a sua estimada pinguim-rei fêmea, pusesse um ovo.

Maggie continuava a namoriscar com os pinguins machos. Chegou mesmo a acasalar, sobretudo com Frank, outro pinguim no seu recinto.

Mas Maggie, que foi importada da Dinamarca como parte de uma iniciativa de reprodução, nunca chegou a chocar uma cria, deixando perplexos os funcionários do parque de vida selvagem em Cotswolds, no centro de Inglaterra.

O mistério foi finalmente resolvido este ano, quando um teste de ADN realizado às penas de Maggie revelou que o pinguim de dez anos tinha sido incorrectamente identificado durante todo o tempo.

Maggie é, de facto, um pinguim macho”, disse Alistair Keen, o responsável pela Birdland, numa entrevista telefónica que encaixou na sua surpreendentemente preenchida agenda mediática de quarta-feira, à medida que a notícia dos resultados do ADN se espalhava pela Grã-Bretanha, aparentemente encantando o país.

“Rebaptizámo-lo com o belo nome escandinavo Magnus”, disse, numa alusão às origens do pinguim.

A equipa de tratadores de aves de Keen tinha grandes esperanças que o pinguim pusesse um ovo. Em 2020, o ano em que atingiu a maturidade sexual, Maggie foi visto a namoriscar com Frank, outro pinguim-rei no recinto. “Mas nenhum ovo foi posto”, disse Keen. “O mesmo aconteceu novamente em 2021. A mesma coisa em 2022. Em 2023, foram vistos a acasalar com bastante regularidade”.

O namoro envolveu vários comportamentos, incluindo fazer ruídos e poses: “Eles fazem um som baixo de trombeta, que é basicamente dizer: 'Estou livre e sou solteiro. Quem é que está interessado? E quem estiver interessado grita de volta”, disse Keen. “Eles até verificam os pés dos parceiros, pois incubam o ovo nos pés.”

Keen recordou um momento em particular em que ele e os seus colegas estavam particularmente esperançados numa cria. “A certa altura, pensámos que tínhamos um ovo, porque o Frank estava sentado com a barriga sobre os pés”, disse Keen. “Mas ele estava a incubar uma folha”.

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Quando o teste de ADN acabou por revelar que o pinguim era macho, em Outubro, Keen disse que não ficou assim tão surpreendido — já havia sinais.

“Suspeitei quando Maggie ou Magnus começaram a acasalar os machos”, disse Keen, referindo-se ao facto de Magnus ter assumido o papel dominante no acto. “Coisa que os pinguins fêmeas não fazem.”

As suspeitas do tratador aumentaram ainda mais quando o pinguim se voltou para outros, disse ele: “Ela também foi vista a acasalar com outro dos nossos machos chamado Spike.”

O tamanho não é uma garantia do sexo de um pinguim, mas os pinguins-rei mais altos tendem a ser machos. “Quando atingiu a maturidade, este pinguim parecia muito alto em comparação com todos os outros”, disse Keen. “Por isso, não fiquei 100% surpreendido quando descobri.”

A revelação de que Magnus estava a formar laços entre pessoas do mesmo sexo durante todo o tempo não é surpreendente. Esses laços entre pinguins, assim como entre muitos outros animais, têm sido documentados em todo o mundo.

No início deste ano, um par de pinguins do mesmo sexo em Sydney, que estavam juntos há seis anos, fez manchetes globais depois de um deles ter cantado um tributo quando o outro morreu. No jardim zoológico do Central Park, em Nova Iorque, um par de pinguins criou uma cria a partir de um ovo adoptado, inspirando o livro infantil And Tango Makes Three.

O seu comportamento também pode ser menos fofo. Nos Países Baixos, dois machos tiveram um ataque de roubo de ovos levando um de um casal heterossexual e outro de um casal “lésbico” no ano seguinte.

“Magnus/gie”, como Keen também se refere ao pinguim, chegou a Birdland em 2016 como parte de uma tentativa de aumentar o número de pinguins-rei fêmeas da vida selvagem e a sua população geral de pinguins.

“Contámos ao programa de reprodução, por isso espero que isso lhes dê uma desculpa para me darem outra fêmea”, disse Keen. A confusão é compreensível, dada a facilidade com que é possível identificar erradamente o sexo de um pinguim, acrescentou.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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