É o último Natal da família Biden na Casa Branca. A primeira-dama, Jill Biden, aproveitou a oportunidade de decorar a residência presidencial com uma mensagem subtil, escolhendo como tema “Época de Paz e Luz”. É um apelo à paz no mundo (e nos EUA) que se reflecte nas 2200 pombas brancas espalhadas pelas várias salas da Casa Branca, onde estão 83 árvores, enfeitadas com mais de 165 mil luzes, 28.216 ornamentos e três quilómetros de fita.
“Ao celebrarmos as nossas últimas festas aqui na Casa Branca, somos guiados pelos valores que consideramos sagrados: fé, família, serviço ao nosso país, bondade para com os nossos vizinhos e o poder da comunidade e da ligação”, escreve o casal Biden na carta de boas-vindas, citada pelo The Washington Post. A decoração de Natal foi apresentada por Jill Biden nesta segunda-feira, dando arranque às visitas de mais de 100 mil pessoas à residência presidencial nas próximas semanas.
O tema é um apelo à conciliação, diz — e fica subtendida uma mensagem política para os próximos ocupantes da Casa Branca, Donald e Melania Trump. “Nas festas, os americanos reúnem-se todos os anos em comunhão e fé, lembrando-nos que somos mais fortes como comunidade do que separados. A força do nosso país e a alma da nossa nação vem de vocês. Que a promessa desta ‘época de paz e luz’ guie o vosso caminho”, deseja o casal.
A mensagem soa a despedida e o tema é menos festivo do que em anos anteriores, em que Jill Biden celebrou a Magia, Maravilha e Alegria das crianças ou a história dos EUA. Desta feita, 300 voluntários trabalharam durante uma semana na montagem das decorações nos tradicionais tons de vermelho, verde e dourado, mas com um tom de branco omnipresente, para evocar a paz que os Biden desejam. As duas mil pombas de papel, símbolo da paz, foram colocadas no tecto como que a voar.
A experiência de visita começa pela Ala Leste, onde as colunas no lobby foram decoradas com grinaldas e luzes. A primeira árvore de Natal, a que chamam Golden Star, está ali e é dedicada às famílias dos soldados que morreram em serviço. Destacam-se seis estrelas douradas, que representam os vários ramos das forças armadas. Nos enfeites das quatro árvores que compõem a sala, lêem-se os nomes dos que morreram ao longo deste ano.
Segue-se a Sala Leste, onde tipicamente se dão as grandes recepções, que mimetiza uma tempestade de neve com o tecto coberto de papéis metálicos que reflectem a luz. Em destaque, duas grandes árvores decoradas em tons de prateados, pousadas em vasos com silhuetas de mãos dadas, lembrando a união que os Biden querem entre os americanos. Para completar o cenário tradicional, há ainda um presépio com mais de 40 figuras.
A árvore de Natal oficial está na Sala Azul. Jill Biden escolheu um abeto-de-fraser que foi colhido na área da Carolina do Norte, devastada pelo furacão Helene, em Setembro deste ano. A árvore mede 5,5 metros e está rodeada por um carrossel com vários animais e bandeiras com os nomes dos 50 estados.
Na azáfama de informação visual nesta árvore quase passam despercebidas as grinaldas em papel feitas pelos familiares das tripulações dos navios militares. Há ainda pequenos auto-retratos de crianças de todo o país pendurados na árvore. Os mesmos desenhos também estão na árvore da Sala Vermelha, decorada com grandes caixas de presente e com as pombas brancas suspensas no tecto.
Além das várias salas temáticas, a decoração inclui a tradicional miniatura da Casa Branca em pão de gengibre, em que foram utilizadas 25 folhas de massa de pão de gengibre, dez folhas de massa de biscoito, mais de 30 quilos de pasta de açúcar e mais de 20 quilos de chocolate. A maquete mimetiza a residência repleta de neve e uma pista de gelo com patinadores no jardim sul da propriedade.
Longe do clima festivo, nos jardins da Casa Branca, já se prepara a chegada do próximo residente — a tomada de posse de Donald Trump está marcada para 20 de Janeiro. Até lá, ficam a cintilar as luzes dos enfeites de Jill Biden. No próximo ano, é a vez de Melania Trump que se sabe não estar muito à vontade com as decorações de Natal — em 2018, a decoração da então primeira-dama em tons de vermelho foi motivo de chacota. Resta saber como será em 2025.