China responde aos EUA e sobe tom da guerra comercial
Pequim limita ainda mais exportações de minerais para os EUA, numa retaliação que mantém o ambiente de guerra comercial em que se encontra neste momento a economia mundial.
Ainda antes da tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, as autoridades chinesas optaram por dar mais um contributo para a escalada do conflito comercial entre as duas maiores potências económicas mundiais.
A China anunciou esta terça-feira, através das declarações do ministro do Comércio, que irá passar a proibir as exportações dos minerais gálio, germânio e antimónio para os Estados Unidos, argumentando que estes têm, para além de usos simplesmente comerciais, uma utilização com fins militares.
Estes limites às exportações de matérias-primas para os EUA por parte da China constituem um reforço de limites já impostos às exportações de minerais raros de que a China é um dos principais produtores mundiais. Desta vez, contudo, Pequim decidiu concentrar-se nos Estados Unidos, uma decisão que parece constituir uma retaliação óbvia às medidas adoptadas contra a China pela Administração Trump e ao reforço de taxas alfandegárias preanunciadas por Donald Trump para o seu mandato.
Esta segunda-feira, na terceira medida do género nos últimos meses, os Estados Unidos decidiram alargar os limites à exportação de bens tecnológicos a 140 empresas chinesas de semicondutores. Na semana anterior, Donald Trump tinha anunciado que, no primeiro dia do seu mandato como presidente, irá pôr em prática um agravamento de dez pontos percentuais nas taxas alfandegárias aplicadas às importações de todos os bens provenientes da China, sendo que durante a campanha eleitoral afirmou que essas taxas poderiam chegar aos 60%.
O gálio, germânio e antimónio são minerais utilizados para o fabrico de produtos como semicondutores, cabos de fibra óptica ou painéis de energia solar. A China é, nos três casos, o maior produtor mundial e o facto de deixar de exportar estes minerais para os Estados Unidos força as empresas norte-americanas a procurar outros fornecedores, potencialmente a preços mais elevados.
Este é, portanto, mais um passo numa sequência de retaliações que se prevê poder prolongar-se ao longo do próximo ano, tendo em conta o discurso sobre taxas alfandegárias de Donald Trump durante a campanha que o conduziu de novo à Presidência dos Estados Unidos.
Se do lado dos Estados Unidos a sua principal arma numa guerra comercial mundial é a imposição de taxas alfandegárias sobre as importações, do lado da China o trunfo mais fácil de usar é limitar o acesso às matérias-primas raras de que é o maior produtor do globo.