Não é preciso ser muito entendido em moda para reconhecer as solas vermelhas nos pés de Taylor Swift na The Eras Tour. Todos os sapatos da multimilionária digressão foram criados por Christian Louboutin, que foi incumbido da missão hercúlea de chamar a atenção para os pés da cantora entre a parafernália de figurinos, luzes e sons no espectáculo, ao mesmo tempo que mantinha o conforto. “Foi muito stress”, confessa o criador francês à revista InStyle, a propósito do encerramento da The Eras Tour no próximo domingo, 8 de Dezembro, em Vancouver, Canadá.
Christian Louboutin e Taylor Swift não eram de todo estanhos antes de começarem a trabalhar na The Eras Tour, que se estreou em Março de 2023. “Já trabalhamos com a Taylor há algum tempo, desde a década de 2010, em videoclipes, passadeiras vermelhas, etc.”, contextualiza o designer. “Depois trabalhámos juntos na sua Reputation Tour, que foi em 2018. Por isso, pareceu-nos natural criar pares para esta digressão, englobando todas as suas eras.”
Lançado o repto, o desafio era grande, uma vez que o espectáculo inclui, pelo menos, 16 mudanças de figurino e mais de três horas de música entre as 11 eras da carreira de Taylor Swift. Mais: já se esperava que a digressão se alongasse durante quase dois anos, desde Março de 2023 até Dezembro de 2024. “Precisava de brilhar e de se destacar. Assim, para cada data, havia novos acessórios e sapatos para surpreender os fãs”, diz Louboutin, que elenca essa como a principal diferença desta digressão por comparação à anterior.
Sem especificar quantos sapatos criou ao longo destes quase dois anos ou quantos tiveram de ser substituídos por desgaste, Louboutin não tem dúvidas sobre o par favorito: umas botas brancas de laçadas, criadas para o segmento do álbum Tortured Poets Department. “O lançamento de um novo álbum da Taylor durante a digressão foi um momento muito importante. O sapato Tortured Poets Department é o meu favorito e foi usado pela primeira vez em Paris”, declara o francês.
A inspiração para as criações foi partilhada entre o criador, Taylor Swift e o stylist da artista, Joseph Cassell, através de uma pesquisa extensa de toda a carreira da cantora. “Assim, conseguimos seleccionar com base no que tínhamos, mas com um design totalmente novo, com um grande brilho”, explica.
Louboutin ainda trouxe uma inspiração clara do seu passado. “Foi um prazer para alguém como eu, que começou a desenhar sapatos para bailarinos de cabaré, imaginar estes pares para a digressão e pensar no desempenho geral e na forma como os sapatos ganharão vida”, detalha o criador. A nível de trabalho artesanal, o francês destaca as botas usadas na era Lover com cristais Swarovski aplicados manualmente num degradê de cores, consoante o figurino usado nesse dia.
Mas não foi só na estética que foi preciso pensar, já que os sapatos têm de permitir a liberdade de movimento, enquanto a cantora dança e canta 44 canções. Louboutin detalha, como quem desvenda um segredo: “Cada par é feito à medida para permitir mudanças rápidas durante todo o espectáculo. Como está a dançar durante mais de três horas, o conforto também é extremamente importante. Por isso, incorporámos um salto alto robusto ou então sapatos rasos.”
Quanto às conhecidas solas vermelhas, neste caso são feitas com borracha para não escorregarem, já que “a meteorologia é imprevisível” e foi comum ver Swift a fazer espectáculos à chuva durante o último ano. “Normalmente, incorporamos esta característica nas digressões dos músicos para resistir às actuações noite após noite”, explica ainda Louboutin. E termina: “Foi muito emocionante acompanhá-la num momento tão importante da sua carreira.”
Foram 149 espectáculos que se tornaram também numa oportunidade de visibilidade para as casas de moda, com Swift a usar figurinos de nomes como Alberta Ferreti, Nicole+Felicia, Oscar de la Renta, Roberto Cavalli, Versace, Vivienne Westwood ou Zuhair Murad — é fácil de prever que o custo das peças ultrapasse dezenas de milhares de euros.
Para já sem lucros actualizados para 2024, quando a digressão percorreu toda a Europa (incluindo Lisboa), no ano passado a The Eras Tour gerou mais de mil milhões de dólares em lucros, detalhou a revista Pollstar, que analisa a venda de bilhetes na indústria dos concertos.