O novo juiz que assumiu o caso dos irmãos Menendez decidiu, nesta segunda-feira, adiar a sessão agendada para escrutinar as novas provas que poderiam resultar na imediata libertação de Lyle e Erik, após 35 anos de cárcere pelo homicídio dos pais.
Michael V. Jesic, que recentemente substituiu o juiz William C. Ryan, explicou que pretende, antes de qualquer diligência, ouvir o novo procurador distrital, Nathan Hochman, que assumirá o cargo na próxima semana.
“Não estou pronto para avançar”, disse o juiz em tribunal, dando a entender que não irá ter em conta a recomendação do actual procurador, George Gascon, que abandona o gabinete a 3 de Dezembro, após a derrota eleitoral de 5 de Novembro.
Gascon pedira uma nova sentença para os irmãos, de 50 anos (25 por cada homicídio) a perpétua, tendo em conta novas provas reunidas e uma compreensão moderna do impacte do abuso sexual. Se a sua recomendação fosse aceite, os irmãos, que cumprem prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, poderiam cumprir o restante tempo em liberdade. Para já, indica a Reuters, Hochman não se pronunciou sobre o caso.
Erik e Lyle Menendez, de 53 e 56 anos, foram condenados em 1996 a prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, pelo homicídio dos pais, em casa da família, em Beverly Hills. Lyle, então com 21 anos, e Erik, com 18, admitiram que balearam fatalmente o seu pai, José Enrique Menéndez, um executivo da indústria de entretenimento, e a sua mãe, Mary Louise “Kitty” Andersen. Os irmãos alegaram temer pelas suas vidas, uma vez que o pai receava que as pessoas descobrissem que ele tinha abusado sexualmente dos irmãos durante anos.
No primeiro julgamento, em 1993, Erik e Lyle foram julgados em separado e prestaram testemunhos emocionados sobre os abusos sexuais que sofriam do pai e sobre a negligência da mãe. E os jurados não foram capazes de chegar a um consenso. Mas, num segundo julgamento, em 1995, os dois foram julgados em conjunto e grande parte das provas de abuso sexual foi excluída, o que resultou na condenação por homicídio intencional e na pena pesada.
No entanto, segundo Gascon, embora não haja dúvida de que os irmãos mataram os pais, uma carta recentemente divulgada que Erik Menendez terá escrito a um primo oito meses antes dos homicídios, na qual se referia ao abuso, contextualiza o crime de outra forma. “Tenho tentado evitar o pai”, escreveu Erik ao primo Andy Cano, já falecido, a quem desabafa: “Continua a acontecer, Andy, mas agora é pior para mim.”
Os investigadores estão também a examinar as alegações de um membro da banda pop Menudo dos anos de 1980, que disse ter sido abusado por José Menéndez quando tinha apenas 14 anos. Estas alegações foram divulgadas no ano passado na série documental Menendez + Menudo: Boys Betrayed.
Na audiência de segunda-feira, que os irmãos acompanharam por áudio, após uma ligação de vídeo ter falhado, os advogados de defesa procuraram reduzir a sua condenação de homicídio em primeiro grau para homicídio por negligência. No entanto, Jesic não se mostrou disponível para ouvir os argumentos, tendo remarcado a audiência para 30 e 31 de Janeiro, na qual será incluída a sessão de 11 de Dezembro, que fora solicitada pelos procuradores. Ainda assim, o juiz aceitou ouvir o testemunho de duas familiares — as irmãs mais velhas de José e Kitty —, que apoiam a libertação dos sobrinhos.
Os advogados dos irmãos apresentaram uma petição em 2023 pedindo ao tribunal que reexaminasse o caso, mas o ressurgimento do interesse do público deu-se, já neste ano, após a estreia de Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez, de Ryan Murphy e Ian Brennan para a Netflix, que explora os motivos dos irmãos para o assassínio — incluindo as alegações de abuso por parte dos pais e as sugestões dos procuradores de que os assassínios foram motivados pelo dinheiro que iriam herdar.