Kim Kardashian celebra “segunda oportunidade” dos irmãos Menendez

Lyle e Erik Menendez estão presos há 34 anos. Os irmãos foram condenados pela morte dos pais a prisão perpétua, mas agora o Ministério Público recomenda a revisão da sentença.

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Kim Kardashian na cerimónia de angariação de fundos da Gala do Museu da Academia no Museu da Academia de Cinema em Los Angeles, Califórnia, a 19 de Outubro Mario Anzuoni/REUTERS
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Kim Kardashian congratulou-se com a decisão do procurador distrital de Los Angeles, George Gascón, por “corrigir um erro significativo”, ao ter recomendado que a sentença de Lyle Menendez e Erik Menendez seja revista.

Os irmãos, que assassinaram o pai e a mãe, estão a cumprir pena perpétua, sem possibilidade de condicional. No entanto, concluiu-se recentemente que os abusos perpetrados pelo pai e permitidos pela mãe não foram tidos em conta — facto que, não alterando a condenação, pode servir de atenuante na aplicação da pena.

A empresária, que passou no exame da Ordem dos Advogados da Califórnia para advogados estagiários, em 2021, está há anos ligada ao Projecto Inocência (​The Innocence Project, no original), uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1992, que se dedica a exonerar indivíduos erradamente condenados, recorrendo a técnicas actuais, nomeadamente a testes de ADN.

No caso dos irmãos Menendez, Kardashian não defende a inocência dos dois, mas antes o facto de os abusos sofridos pela dupla não terem sido tidos em conta durante o julgamento que os condenou. “A compreensão da sociedade sobre o abuso infantil evoluiu e as redes sociais permitem-nos questionar os sistemas em vigor”, escreveu a estrela de programas de acção real nas histórias do Instagram (que ficam indisponíveis ao fim de 24h), destacando: “Sou uma pessoa que acredita em segundas oportunidades e acredito mesmo nelas.”

A actriz, que protagoniza o próximo drama jurídico de Ryan Murphy, All's Fair, também deu crédito ao produtor de Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez, série disponível na Netflix desde 19 de Setembro, por ter “ajudado a expor o abuso e as injustiças” no caso dos irmãos.

Em Agosto de 1989, o empresário musical José Enrique Menéndez e a sua mulher, Mary Louise “Kitty” Andersen, foram assassinados com tiros de caçadeiras. Os dois filhos do casal, Lyle, na época com 21 anos, e Erik, de 18, alegaram que tinham encontrado os pais mortos, mas a investigação concluiu que tinham sido os irmãos os autores dos disparos.

No primeiro julgamento, em 1993, Erik e Lyle foram julgados em separado e prestaram testemunhos emocionados sobre os abusos sexuais que sofriam do pai e sobre a negligência da mãe. E os jurados não foram capazes de chegar a um consenso.

No segundo julgamento, em 1995, porém, os dois foram julgados em conjunto e grande parte das provas de abuso sexual foi excluída, o que resultou na condenação por homicídio e na pena de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

Entre as provas que foram agora tidas em conta está uma carta de 17 páginas que Lyle escreveu ao irmão, em Maio de 1990, e o testemunho de Roy Roselló, da banda porto-riquenha Menudo, que, em Maio do ano passado, revelou ter sido violado por José Menéndez quando tinha 14 anos. Há ainda uma carta escrita por Erik para o seu primo Andy Cano, já falecido, meses antes dos assassínios, onde se lia: “Tenho tentado evitar o pai. Continua a acontecer, Andy, mas agora é pior para mim.”

Gascón anunciou, nesta quinta-feira, numa conferência de imprensa, que iria recomendar a revisão da sentença, tendo em conta que os irmãos têm estado numa “jornada de redenção e reabilitação” e observando que Lyle, de 56 anos, e Erik, de 53 anos, “pagaram a sua dívida à sociedade”. No entanto, não deixou de frisar que “não há desculpa para um assassínio”. E explicou: “Nunca vou insinuar que o que estamos aqui a fazer é desculpar o comportamento deles — porque mesmo que haja abusos [sexuais], o caminho certo é chamar a polícia e procurar ajuda.”

A decisão final está nas mãos de um juiz, devendo ser marcada uma audiência ainda antes do final do ano. Caso a revisão seja aceite, os dois irmãos incorrem numa pena que vai de 50 anos (25 por cada homicídio) a perpétua, mas passam a ser elegíveis para usufruírem de liberdade condicional.

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