Os irmãos Menendez, que assassinaram o pai e a mãe em 1989, poderão ser elegíveis para saírem em liberdade condicional, se um juiz tiver em conta a recomendação do procurador-geral de Los Angeles, George Gascón, que, após a avaliação de provas que apontam para abusos sexuais pelos progenitores a ambos, recomendou uma nova pena, de 50 anos (25 por cada homicídio) a perpétua.
De acordo com o testemunho de Erik, o pai começou a abusar dele quando era criança, e continuou a abusar dele até à sua morte. Em tribunal, Lyle disse que também tinha sido abusado pelo pai em criança, mas que só soube que Erik continuava a ser abusado dias antes do crime.
O pedido para a revisão será apreciado a 11 de Dezembro pelo juiz Michael V. Jesic, do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, conhecido pelo seu rigor e que pegou no caso apenas em fins de Outubro, substituindo o juiz William C. Ryan, que parecia inclinado para a imediata libertação. Nesta segunda-feira, serão escrutinadas as provas de abuso.
Erik e Lyle, de 53 e 56 anos, foram condenados em 1996 a prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional, pelo homicídio dos pais, em casa da família, em Beverly Hills.
Lyle Menendez, então com 21 anos, e Erik Menendez, com 18, admitiram que balearam fatalmente o seu pai, José Enrique Menéndez, um executivo da indústria de entretenimento, e a sua mãe, Mary Louise “Kitty” Andersen. Os irmãos alegaram temer pelas suas vidas, uma vez que o pai receava que as pessoas descobrissem que ele tinha abusado sexualmente dos irmãos durante anos.
No primeiro julgamento, em 1993, Erik e Lyle foram julgados em separado e prestaram testemunhos emocionados sobre os abusos sexuais que sofriam do pai e sobre a negligência da mãe. E os jurados não foram capazes de chegar a um consenso. Mas, num segundo julgamento, em 1995, os dois foram julgados em conjunto e grande parte das provas de abuso sexual foi excluída, o que resultou na condenação por homicídio e na pena pesada.
Entre as provas que foram agora tidas em conta está uma carta de 17 páginas que Lyle escreveu ao irmão, em Maio de 1990, e o testemunho de Roy Roselló, da banda porto-riquenha Menudo, que, em Maio do ano passado, revelou ter sido violado por José Menéndez quando tinha 14 anos. Há ainda uma carta escrita por Erik para o seu primo Andy Cano, já falecido, meses antes dos assassínios, onde se lia: “Tenho tentado evitar o pai. Continua a acontecer, Andy, mas agora é pior para mim.”
Os advogados dos irmãos apresentaram uma petição em 2023 pedindo ao tribunal que reexaminasse o caso, mas o ressurgimento do interesse do público deu-se, já neste ano, após a estreia de Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez, de Ryan Murphy e Ian Brennan para a Netflix, que explora os motivos dos irmãos para o assassínio — incluindo as alegações de abuso por parte dos pais e as sugestões dos procuradores de que os assassínios foram motivados pelo dinheiro que iriam herdar.