Trump escolhe Pam Bondi para a Justiça após desistência de Matt Gaetz

Antiga procuradora-geral da Florida é a nova nomeada para o Departamento de Justiça após a renúncia de Gaetz, a braços com suspeitas de conduta imprópria e com a resistência de senadores republicanos.

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Pam Bondi na convenção republicana de Cleveland, em 2016 Mike Segar / REUTERS
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Pam Bondi, a antiga procuradora-geral da Florida, é a nova escolha do Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para liderar o Departamento de Justiça. O anúncio foi feito horas após a renúncia, esta quinta-feira, de Matt Gaetz à nomeação para a procuradoria-geral norte-americana.

Bondi, de 59 anos, liderou a procuradoria estadual da Florida entre 2011 e 2019 e é uma conhecida apoiante de Trump, tendo integrado a defesa deste durante o primeiro impeachment do então Presidente norte-americano, em 2020, por acusações de abuso de poder e obstrução de justiça relacionadas com pressões exercidas sobre o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para que Kiev abrisse uma investigação judicial a Joe Biden e o seu filho, Hunter.

"Durante demasiado tempo, o Departamento de Justiça enviesado foi instrumentalizado contra mim e outros republicanos. Não mais. Pam irá voltar a focar o Departamento de Justiça no seu objectivo original de combater o crime e Fazer a América Segura Outra Vez", anunciou Trump na sua rede social, a Truth Social. "Conheço a Pam há muitos anos. Ela é esperta e dura", acrescentou.

Opositora do casamento entre pessoas do mesmo sexo, Bondi junta dois elementos comuns a outras nomeações feitas por Trump nos últimos dias: a ligação à Florida (tal como Marco Rubio e Mike Waltz) e à televisão.

Tal como Pete Hegseth, escolhido para a Defesa, Bondi foi presença assídua na Fox News, estação próxima dos republicanos, não só como comentadora mas também como co-apresentadora, suscitando na altura críticas à acumulação da sua colaboração com o cargo de procuradora estadual.

Gaetz desiste de ser "distracção"

Esta quinta-feira, o ex-congressista republicano Matt Gaetz, também da Florida, anunciou a sua retirada do processo de nomeação para o cargo de procurador-geral dos Estados Unidos (que, por inerência, lidera o Departamento de Justiça), assumindo que a sua escolha se tornara "uma distracção".

Em causa estão as conclusões de um inquérito do Comité de Ética da Câmara dos Representantes a suspeitas de conduta sexual imprópria, uso de substâncias ilícitas e apropriação indevida de fundos de campanha para fins pessoais por parte de Gaetz. O congressista tinha anunciado a sua renúncia ao cargo no Congresso aquando da sua nomeação para a procuradoria-geral, o que teve o efeito de extinguir o mandato do comité para investigá-lo, impedindo teoricamente a divulgação do respectivo relatório final, que estaria para breve.

Desconhece-se o conteúdo do relatório do Congresso, cujo destino ainda poderá estar em aberto. Uma investigação criminal às suspeitas de que teria pago a uma adolescente para se deslocar à Florida para participar numa festa com sexo e drogas foi arquivada pelo Departamento de Justiça em 2023. Na altura, a justiça norte-americana considerou que a eventual prova das alegações se limitava a testemunhos, pelo que uma condenação em tribunal seria difícil. Então, como agora, Gaetz negou as suspeitas, mas o Congresso continuou a analisar o caso.

Já esta semana, o advogado Joel Leppard declarou a vários órgãos de imprensa dos Estados Unidos, incluindo os canais CNN, ABC e CBS, bem como o Washington Post, que duas clientes suas terão visto Gaetz a manter relações sexuais com uma adolescente de 17 anos numa festa em casa do então congressista. Na Florida, a idade de consentimento está fixada nos 18 anos.

As suspeitas, bem como a impopularidade de Gaetz no seio do próprio Partido Republicano, onde entrou em confronto aberto e violento com figuras de relevo como Kevin McCarthy, tornavam difícil, ainda que possível, a confirmação da sua nomeação para a procuradoria-geral pelo Senado, onde várias vozes republicanas torceram publicamente o nariz à escolha de Trump.

“Não há tempo a perder com uma disputa desnecessariamente prolongada em Washington, portanto, vou retirar o meu nome”, escreveu esta quinta-feira Gaetz numa publicação na rede social X.

“Aprecio muito os recentes esforços de Matt Gaetz para tentar ser aprovado para procurador-geral. Ele estava a sair-se muito bem, mas, ao mesmo tempo, não queria ser uma distracção para a Administração, pela qual tem muito respeito. O Matt tem um futuro maravilhoso e estou ansioso por ver todas as grandes coisas que irá fazer!”, respondeu Trump na Truth Social.

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