Representante do Hamas diz que o grupo está disposto a aceitar um cessar-fogo em Gaza
Segundo o membro do bureau político Basser Naim, o Hamas é favorável “a qualquer proposta” de cessar-fogo “que lhe seja apresentada” desde que seja respeitada e permita entrada da ajuda humanitária.
O Hamas está pronto para um cessar-fogo na Faixa de Gaza de acordo com o membro do bureau político do movimento Basser Naim em declarações à agência AFP, tendo pedido ao Presidente eleito norte-americano Donald Trump para "pressionar" Israel a avançar nesse sentido.
De acordo com Basser Naim, o grupo que controla o território palestiniano e que cujo conflito com Israel voltou a intensificar-se desde os ataques do dia 7 de Outubro está disposto a "chegar a um cessar-fogo na Faixa de Gaza se for apresentada uma proposta de cessar-fogo e na condição de esta ser respeitada".
"O Hamas informou os mediadores que é favorável a qualquer proposta que lhe seja apresentada e que conduza a um cessar-fogo definitivo e à retirada militar da Faixa de Gaza, permitindo o regresso das pessoas deslocadas, a um acordo sério para a troca de prisioneiros, à entrada de ajuda humanitária e à reconstrução", acrescentou Basser Naim que apelou ainda "à administração dos EUA e a Trump para que pressionem o governo israelita a pôr termo à agressão".
Estas declarações surgem quase uma semana depois do Qatar ter anunciado que iria abandonar a mediação entre Israel e o Hamas, citando uma falta de "vontade sincera" de ambas as partes regressarem à mesa de negociações.
A reeleição de Donald Trump para Presidente dos EUA, celebrada pela extrema-direita israelita, levanta ainda várias incertezas sobre qual vai ser a postura dos EUA face a Israel e às guerras em Gaza e no Líbano. Se por um lado, houve já promessas de "paz no Médio Oriente" veiculadas por Trump, por outro este escolheu Mike Huckabee, ex-governador do estado do Arkansas que já negou a existência dos colonatos e da própria Cisjordânia, para o cargo de embaixador norte-americano em Israel.
Acesso humanitário em Gaza num "ponto baixo", diz ONU
Entretanto, em Gaza, a situação humanitária enfrenta cada vez mais desafios. Segundo o porta-voz do Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários, Jens Laerke, citado pela Reuters numa conferência de imprensa realizada em Genebra, o "acesso" da ajuda humanitária na Faixa de Gaza está "num ponto baixo".
"O caos, o sofrimento, o desespero, a morte, a destruição e a deslocação estão no auge", conta o porta-voz, que disse estar "particularmente preocupado" sobre a situação no Norte de Gaza, que diz estar "efectivamente sob um cerco" onde é "quase impossível entregar ajuda humanitária".
"Um dos meus colegas descreveu-o como para o trabalho humanitário... queremos saltar. Queremos saltar e fazer alguma coisa. Mas acrescentou: mas as nossas pernas estão partidas. Portanto, pedem-nos para saltar enquanto as nossas pernas estão partidas", acrescentou Jens Laerke.