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Os Três Irmãos, de Victor Hugo Pontes, regressa aos palcos
A covid-19 tinha entrado há pouco tempo nas nossas vidas quando, algures no Verão de 2020, acompanhámos pela primeira vez um ensaio de Os Três Irmãos, espectáculo que o coreógrafo Victor Hugo Pontes estreou em Setembro desse ano no Teatro Viriato, em Viseu, e que recupera, quatro anos mais tarde, para uma apresentação esta sexta-feira, 15 de Novembro, no Theatro Circo, em Braga.
Esse ensaio ficou marcado pelo entusiasmo — depois de um período absolutamente atípico e exigente, eis que nos reencontrávamos com o palco e com uma ideia de normalidade — e por uma certa hesitação — a bolha de contactos que havíamos sido obrigados a criar começava finalmente a rebentar, sem que soubéssemos inteiramente se o momento certo para isso havia já chegado e como nos deveríamos comportar nesse novo contexto.
Nessa altura, a pandemia já nos obrigara a praticar o luto. E é de luto que fala Os Três Irmãos. A partir de um texto de Gonçalo M. Tavares, os corpos dos intérpretes Dinis Duarte, Paulo Mota e Valter Fernandes "ficcionam os pais" enquanto não conseguem assimilar que estes já cá não estão, como nos explicou Victor Hugo Pontes em 2020. "Quando estamos a crescer, os pais costumam ser os ídolos em quem nos projectamos. E de repente, se essas imagens já não estão lá, sentimo-nos à deriva."
Os Três Irmãos, que depois daquele ensaio de 2020 vimos e fotografámos em São João da Madeira, é também sobre o futuro: como é que nos reerguemos depois do desaparecimento de pilares insubstituíveis? A apresentação desta sexta-feira antecede a estreia da nova criação de Victor Hugo Pontes, Há Qualquer Coisa Prestes a Acontecer, que sobe ao palco do Teatro Aveirense a 6 de Dezembro (e que, na semana seguinte, nos dias 13 e 14, ruma ao Centro Cultural de Belém, em Lisboa).