Trump nomeia Tulsi Gabbard para coordenar as secretas e Matt Gaetz para a Justiça

Posições polémicas de Gabbard, que visitou e elogiou Assad, e suspeitas de infracções éticas de Gaetz indiciam um difícil processo de confirmação para duas das mais surpreendentes nomeações de Trump.

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Tulsi Gabbard abandonou o Partido Democrata em 2022, tendo chegado a concorrer à nomeação presidencial democrata em 2020 Brian Snyder / REUTERS
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A antiga congressista democrata Tulsi Gabbard, que rompeu com o seu partido em 2022, é o nome escolhido pelo Presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para o cargo de Directora Nacional de Inteligência, ficando encarregue de coordenar o trabalho de múltiplas agências norte-americanas como a CIA e a NSA. O anúncio foi feito esta quarta-feira por Trump e a nomeação carece de confirmação pelo Senado.

Gabbard, que chegou a concorrer à nomeação presidencial democrata em 2020, desistindo então para apoiar Joe Biden, tem esposado posições diametralmente opostas ao consenso político em Washington em matéria de defesa e relações internacionais, tendo visitado o ditador sírio Bashar al-Assad em Damasco em 2017 e declarado em 2019 que este "não é um inimigo dos Estados Unidos".

Durante as primárias democratas de 2019/20, Hillary Clinton chegou a acusar Gabbard de receber mentoria do regime russo, dada a proximidade de posições entre a antiga congressista do Havai, veterana da guerra do Iraque, e o Presidente russo Vladimir Putin. Gabbard defende uma política não-intervencionista por parte dos Estados Unidos e é crítica do apoio norte-americano à Ucrânia.

Próxima de aliados de Trump como Steve Bannon, Gabbard aderiu recentemente ao Partido Republicano e participou na campanha eleitoral, preparando o candidato presidencial para o debate com a adversária democrata, Kamala Harris.

Matt Gaetz para a Justiça

Outra inesperada nomeação anunciada esta quarta-feira por Donald Trump, e também a carecer de confirmação pelo Senado, é a do congressista republicano Matt Gaetz para o cargo de procurador-geral dos Estados Unidos, a quem cabe, por inerência, a chefia do Departamento de Justiça.

Gaetz, outro aliado próximo de Trump, encontra-se sob investigação do comité de ética da Câmara dos Representantes por suspeitas de conduta sexual imprópria, uso de substâncias ilícitas e apropriação de fundos de campanha para fins pessoais. O congressista tem alegado ser vítima de perseguição política. Em todo o caso, Gaetz é uma figura pouco popular dentro do seu próprio partido, antevendo-se aqui, tal como com Gabbard, um contencioso processo de confirmação para o novo cargo. Susan Collins, senadora republicana da ala moderada, diz-se "chocada" com a escolha de Gaetz.

Estas duas nomeações confirmam a aposta de Trump na constituição de um executivo preenchido por apoiantes leais, recrutados no partido, na televisão e no mundo empresarial. Pete Hegseth, apresentador e comentador da Fox News é o escolhido para a Defesa. Kristi Noem, governadora do Dacota do Sul, já foi anunciada para a Segurança Interna. Tom Homan, defensor radical de deportações em massa, ficará com a gestão das fronteiras. A congressista Elise Stefanik, outra destacada apoiante de Trump, é a nomeada para embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas.

Marco Rubio, outrora crítico de Trump e da sua linha isolacionista, mas que se aproximou recentemente do agora Presidente-eleito e chegou a ser equacionado para a vice-presidência, deverá ser o próximo chefe da diplomacia norte-americana.

Fora da estrutura orgânica do Governo, mas com a missão de planear uma profunda reforma que incluirá cortes orçamentais radicais e a eliminação de organismos e serviços públicos, os empresários Elon Musk e Vivek Ramaswamy, destacados apoiantes de Trump, também foram na terça-feira nomeados para o futuro Departamento de Eficiência Governamental.

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