As modelos demasiado magras estão de volta? Directora da Vogue preocupada

Chioma Nnadi considera que essa tendência ameaça a diversidade corporal nos desfiles — o que representa um motivo de preocupação.

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Chioma Nnadi substituiu Edward Enninful na Vogue britânica no ano passado Instagram/Chioma Nnadi
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Na indústria da moda, nos últimos anos, tem sido observado um progresso na diversidade corporal das modelos. No entanto, a nova directora editorial da Vogue britânica, Chioma Nnadi, considera que se está a observar uma mudança — o regresso da tendência das modelos mais magras — o que deveria ser motivo de preocupação, sublinhou à BBC.

Para Nnadi, que assumiu a edição britânica da Vogue em Outubro do ano passado, "estamos num momento em que observamos o pêndulo a oscilar para que a pele seja in e, muitas vezes, estas coisas são tratadas como uma tendência e não queremos que o sejam.”, afirmou.

Em relação às novas colecções apresentadas nas semanas de moda da temporada passada, Nnadi revela não ter notado “representatividade suficiente em termos de diversidade corporal” e, em certos desfiles, “parecia que as modelos eram especialmente magras”. Uma tendência da década de 1990, altura em que Kate Moss foi um ícone nas passerelles.

Além disso, está convencida que este retorno foi parcialmente impulsionado pelo aumento da popularidade dos medicamentos para perda de peso, nomeadamente o Ozempic. Por suprimir o apetite, tornou-se popular nos EUA nos últimos tempos e o seu uso tem aumentado também no Reino Unido.

"Acho que o Ozempic tem algo a ver com isso, porque estamos a ver muitas celebridades a usá-lo, e acho que há uma mudança na cultura em relação à maneira como pensamos sobre os nossos corpos e como os abordamos”, disse ao programa Today da BBC Radio 4. Contudo, em resposta à questão da apresentadora Emma Barnett acerca dos motivos para essa tendência, destacou: “Não acho que possamos atribuir isso apenas a uma coisa.”

A editora espera que o que se viu nas semanas da moda seja um alerta. É "importante que todos os corpos sejam representados" na moda. "Pensar sobre as modelos que podemos ter nas nossas sessões [de fotografia] é muito importante", continuou. "E, foi muito importante que incluíssemos modelos que não fossem ‘tamanho de amostra’”, continuou, acrescentando que a comunicação social não é a única que pode intervir, mas que também os designers devem fazer roupa para corpos diversos.

Chioma Nnadi substituiu o anterior editor da revista, Edward Enninful. Trata-se da primeira mulher negra a conduzir os destinos da publicação de moda mais conhecida do mundo, classifica o The Guardian. Continuou a trabalhar até Março de 2024 com o anterior editor, que passou a ser consultor criativo e cultural global da Condé Nast.

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