A vice-presidente dos EUA e candidata às eleições de Novembro, Kamala Harris, é a capa da edição digital da revista Vogue. “Candidata para os nossos tempos”, titula a revista, na sua edição norte-americana, na capa de Novembro, onde a democrata surge sentada na sua residência oficial em Washington, fotografada pela consagrada Annie Leibovitz.
As fotografias mostram Harris numa posição descontraída, mas igualmente poderosa, a usar um fato castanho assinado por Gabriela Hearst. A revista detalha que as imagens não foram captadas em estúdio nem são fruto de produção editorial, já que a candidata à presidência foi fotografada com a sua própria roupa e jóias da Tiffany.
Apesar do destaque, a edição com Kamala Harris não é a principal aposta da Vogue para Novembro, que dá a capa principal da edição em papel à cantora Billie Eilish, curiosamente apoiante de Kamala Harris, tal como Taylor Swift, Oprah, Jane Fonda ou Bruce Springsteen. Em Julho, a Vogue também declarou publicamente o seu apoio à democrata, justificando a decisão com a defesa das mulheres feita por Harris.
No perfil desta nova edição, assinado pelo jornalista Nathan Heller, são vários os interlocutores que falam sobre Kamala Harris, incluindo o marido, Doug Emhoff, alguns apoiantes que assistiram aos comícios do mês de Outubro, ou Matthew Rothschild, que é um dos seus melhores amigos, que recorda a mãe de Kamala, Shyamala Gopalan. “Toda a gente fala do orgulho que Shyamala teria na liderança de Kamala e na sua nomeação para Presidente dos Estados Unidos. Mas eu digo-vos do que ela estaria mais orgulhosa: o facto de a filha ter conhecido o Doug, a família e os seus filhos.”
Kamala também testemunha na primeira pessoa, partilhando alguns momentos da jornada na vice-presidência dos EUA, mas também da vida pessoal, contando até que o marido come “sacos de pretzels à noite”, às escondidas. “Digo-lhe: ‘Querido, tens de abrandar nos pretzels’”, conta com humor.
Num tom mais sério, a democrata também aborda alguns temas que têm marcado a sua candidatura às eleições de 5 de Novembro, como os direitos das mulheres, as desigualdades raciais, como a tecnologia pode impactar as eleições, manifestando um apelo à paz na Faixa de Gaza. “Parte da forma como avançamos é quando temos opções ─ quando não estamos relegados para uma situação ou estatuto ou confinados a uma única escolha”, defende.
Sendo a Vogue uma revista de moda é claro que também se fala sobre o estilo de Kamala Harris, que fez manchetes quando foi confirmada a sua candidatura à presidência, sobretudo pela imagem de poder (e pragmatismo) que transmitia no fato assinado por Chemena Kamali para a Chloé que escolheu para o último dia da convenção do Partido Democrata. “Podem sempre confiar em mim para colocar o país acima do partido e do ego ─ para manter sagrados os princípios fundamentais da América, desde o Estado de direito, às eleições livres e justas, à transferência pacífica do poder”, prometeu.
Não é a primeira vez que Kamala Harris protagoniza uma edição da Vogue. Em Janeiro de 2021, no mês em que assumiu a vice-presidência, foi capa tanto da edição em papel, como digital. Contudo, as fotografias não reuniram consenso e geraram polémica pela edição das imagens, que clareou o tom de pele de Harris. Mais: Kamala preferia outra fotografia mais formal, em lugar da imagem escolhida em que surge a usar sapatilhas da Converse.
“Obviamente, ouvimos e compreendemos a reacção à capa impressa e quero apenas reiterar que não foi nossa intenção, de forma alguma, diminuir a importância da incrível vitória da vice-presidente eleita”, defendeu então a directora global da revista, Anna Wintour, face às críticas.