Um grupo de activistas ambientais em Itália quer travar o abate da árvore de Natal que decorará a Praça de São Pedro, em frente à basílica homónima na Cidade do Vaticano, durante a época natalícia. Trata-se de um abeto, uma árvore da família dos pinheiros, com 29 metros de altura, que foi plantado há 200 anos numa floresta no vale de Ledro, na região italiana de Trentino-Alto Adige, a norte de Verona.
Os membros deste movimento escreveram uma carta aberta ao Papa Francisco a pedir que coloque um ponto final a esta tradição natalícia em particular, que dizem implicar o "sacrifício inútil" de uma árvore "tão antiga e simbólica". "É incoerente falar de luta contra as alterações climáticas e depois perpetuar tradições como esta", consideram os autores da missiva, que classificam a decoração natalícia com uma árvore natural uma "prática puramente consumista".
Caso o Papa Francisco ceda ao apelo dos activistas italianos, será a primeira vez em 42 anos que o Vaticano não é decorado com um pinheiro real doado pelas autoridades locais do Norte de Itália ou por outro país europeu. A tradição começou durante o pontificado de João Paulo II — era um abeto das Colinas Albanas, na zona central de Itália — e já passou por mais dois papas que mantiveram a tradição: Bento XVI e Francisco. As árvores já têm sido de outras espécies, incluindo píceas.
Por enquanto, o Vaticano não revelou quaisquer planos para recusar o abeto que enfeitará a Praça de São Pedro durante a quadra natalícia e o "Gigante Verde", o nome que se deu à árvore, será cortado na próxima semana e enviada para o destino final, numa operação que custará 6000 euros. A decoração será inaugurada a 9 de Dezembro, 15 dias antes de, na véspera de Natal, o habitual presépio em tamanho real com a cena bíblica da Natividade também ser revelado.
Questionado sobre a luta ambientalista, cuja carta aberta já recolheu cerca de 40 mil assinaturas, Renato Girardi, o autarca da cidade de Ledros, de onde a árvore será retirada, acusou os activistas de "estragar as festividades de Natal só por causa de uma planta": "Só queremos doar um abeto e gostaria de sublinhar que, se não fosse doado, acabaria numa serração", disse ele ao jornal italiano il Dolomiti.
Renato Girardi também desmentiu que outros 39 abetos serão enviados para o Vaticano para decorar outras zonas interiores — um argumento que os activistas têm apresentado para evitar o corte da árvore de Natal. Acontece é que o "Gigante Verde" será cortado quer termine no Vaticano quer não, porque está num lote de plantação que terá de ser sempre abatido para manter o cultivo saudável da floresta. As restantes árvores escolhidas pelo micro-Estado para decoração interior foram compradas pelo Vaticano a viveiros especializados em árvores cujas agulhas não caem, sendo por isso mais adequadas para esse propósito. A espécie em causa nem sequer existe em Ledros, garantiu Girardi.