Vacinação ao longo da vida: um investimento para um futuro com mais saúde

É fundamental que Portugal, continuando o histórico sucesso do Plano Nacional de Vacinação, reconheça a vacinação como um fator-chave da longevidade e da qualidade de vida.

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"Apostar na prevenção é a chave para um futuro mais saudável e sustentável" Catarina Póvoa/PÚBLICO
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A vacinação é uma das mais importantes conquistas da saúde pública e da humanidade. Historicamente, a imunização mostrou ser capaz de reduzir hospitalizações, evitar o agravamento de condições crónicas e proteger contra mais de 30 doenças ao longo da vida, prevenindo entre 3,5 e cinco milhões de mortes anuais em todo o mundo. Além disso, a vacinação pode contribuir para reduzir o risco de demência, a ocorrência de eventos cardiovasculares, e combater a resistência antimicrobiana, uma das maiores ameaças à saúde pública da atualidade.

Em Portugal, a implementação do Programa Nacional de Vacinação (PNV), em 1965, é uma iniciativa reconhecida internacionalmente pelo seu sucesso. A vacinação universal e gratuita contribuiu significativamente para assegurar a prevenção da disseminação de doenças que antes causavam entre muitas outras coisas, elevadas taxas de mortalidade. Graças a este compromisso nacional que envolveu o Estado, os profissionais de saúde, os cidadãos, e mais recentemente inúmeras outras entidades, várias gerações cresceram livres de doenças como a varíola, a poliomielite ou difteria.

No panorama atual da saúde, Portugal é o sexto país da OCDE com maior esperança média de vida após os 65 anos, mas posiciona-se muito abaixo da média europeia em anos de vida saudável. Sabendo que a imunização representa um papel significativo na proteção das populações contra o impacto das doenças, pode o PNV contribuir para reduzir ainda mais o impacto das doenças na sociedade portuguesa? Como podemos viver mais anos, com melhor qualidade de vida?

No âmbito do Projeto +Longevidade, uma iniciativa dedicada ao estudo do impacto da vacinação no adulto, coordenada pelo NOVA Center for Global Health, mais de 20 especialistas de vários segmentos do ecossistema da saúde apontaram a vacinação ao longo da vida como uma medida preventiva essencial para o envelhecimento ativo e saudável.

As principais recomendações deste estudo apontam ainda para o investimento na definição de uma estratégia abrangente de vacinação especificamente dirigida aos adulto como um passo importante que permitiria alinhar o país com as melhores práticas internacionais, uma medida já adotada por muitos países da União Europeia, incluindo Espanha, Itália, Grécia, entre outros. A expansão do PNV permitiria reduzir significativamente a pressão sobre o sistema de saúde através da redução de custos diretos e indiretos, e, acima de tudo, representaria ganhos sociais e humanísticos para a população.

É fundamental que Portugal, continuando o histórico sucesso do PNV, reconheça a vacinação como um fator-chave da longevidade e da qualidade de vida. Este deve ser um compromisso nacional, no qual todos podem contribuir para o aumento da cobertura vacinal. Para tal, é necessário fomentar o desenvolvimento de sinergias com estruturas próximas dos cidadãos, nomeadamente a rede de Segurança Social, os municípios, a rede de saúde ocupacional e as farmácias comunitárias. O envolvimento destas entidades é essencial não só para a concretização da vacinação, mas também para sensibilizar a população sobre a importância da saúde preventiva e do envelhecimento saudável.

Num contexto de envelhecimento populacional e aumento de doenças crónicas, apostar na prevenção é a chave para um futuro mais saudável e sustentável. É urgente promover políticas públicas eficazes que consigam responder a esta problemática, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso às vacinas necessárias em todas as etapas da vida.

Investir numa política de vacinação robusta que cubra todas as idades assegura não só uma vida mais longa, mas uma vida com mais saúde e qualidade para todos os portugueses. A longevidade com qualidade de vida é um compromisso de todos, para todos.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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