Israel ordena o recrutamento de 7000 judeus ultra-ortodoxos

Ministro da Defesa israelita aprovou a recomendação do exército para recrutar 7000 jovens ultra-ortodoxos para a guerra na Palestina. O tema já provocou uma crise política em Israel no passado.

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A decisão para recrutar judeus ultra-ortodoxos partiu do ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant Amir Cohen / REUTERS
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As Forças de Defesa de Israel adiantaram na segunda-feira, 4 de Novembro, que aprovaram novas ordens de recrutamento para 7000 membros da comunidade judaica ultra-ortodoxa, um tema sensível no país com um Exército sob pressão devido à guerra. O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, "aprovou a recomendação do exército de emitir 7000 novas ordens no processo de avaliação dos ultra-ortodoxos elegíveis para recrutamento", que se somam às 3000 ordens emitidas em Julho, destacaram as forças israelitas em comunicado.

Estes apelos ao serviço militar obrigatório de 32 meses para os homens, que serão enviados "nos próximos dias", visam "alcançar objectivos de recrutamento", acrescentou a mesma fonte.

Israel tem travado uma guerra em várias frentes durante um ano, nomeadamente contra o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano, que fez pelo menos 780 mortos e 4500 feridos entre os seus soldados.

A guerra pesa também sobre os cerca de 300 mil reservistas convocados desde o sangrento ataque do movimento islamita palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 7 de Outubro de 2023. Este ataque resultou na morte de 1206 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da agência France-Presse (AFP) baseada em dados oficiais israelitas, incluindo reféns mortos ou mortos em cativeiro.

Em retaliação, o Exército israelita lançou uma ofensiva destrutiva em Gaza que fez 43.374 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas.

O recrutamento de judeus ultra-ortodoxos está no centro do debate público, enquanto os partidos ultra-ortodoxos são membros-chave da coligação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Representam cerca de 14% da população judaica de Israel, ou quase 1,3 milhões de pessoas, e cerca de 66 mil homens em idade militar estão isentos porque se dedicam ao estudo dos textos sagrados do Judaísmo ao abrigo de uma regra estabelecida na criação de Israel em 1948.

Os Haredim (termo hebraico para designar os judeus ultra-ortodoxos), que têm uma interpretação estrita da lei religiosa judaica e muitas vezes vivem recolhidos nas suas comunidades, consideram que o estudo da Tora protege tanto o país, como o exército. Mas, em Junho, o Supremo Tribunal ordenou o recrutamento de estudantes nas escolas talmúdicas, decidindo que o governo não os podia isentar "na ausência de um quadro jurídico adequado".

Em 2018, a questão do seu recrutamento criou uma crise tal que precipitou o país para cinco eleições legislativas em quatro anos, sem que o assunto estivesse encerrado.