“Dim sum é uma ampla variedade de pequenos pratos cantoneses tradicionalmente apreciados em restaurantes durante o brunch”, lemos no Google sentados no táxi a caminho da Avenida da Liberdade, em Lisboa, curiosamente em jejum. Já é hora de almoço e agora as portas do Frou Frou, nas entranhas do JNcQUOI Ásia, também se abrem durante o dia. A algazarra e as luzes da noite são substituídas pela quietude da harpa chinesa que traz melodia ao almoço, enquanto carrinho de dim sum percorre a sala numa coreografia ensaiada.
Tem sido assim desde Setembro, quando o JNcQUOI Frou Frou começou a abrir para almoços, precisamente um ano depois da inauguração do restaurante do grupo Amorim Luxury. Os empregados percorrem o “irmão Ásia e questionam aos comensais: “Já conhece o Frou Frou? Agora temos menu de almoço e é all you can eat”, convidam. Alguns acedem, talvez impressionados com a promessa de que pode comer até lhes apetecer (ou até o estômago permitir).
Contudo, quando se abrem as portas do Frou Frou sabe-se que o ambiente será bem diferente dos habituais rodízios asiáticos onde se come à discrição. Primeiro, a decoração é bem mais peculiar e mantém-se a exuberância já conhecida ─ obra do conhecido designer de interiores belga Jean-Philippe Demeyer num caleidoscópico de cores, padrões e texturas ─, que ainda ganha renovado interesse perante a luz do dia ao som da harpa chinesa, que anima os almoços ao fim-de-seman através da “experiência de som imersiva” que a sala promete.
Ao contrário do extenso menu do jantar que torna difícil a escolha, ao almoço não há nada que saber, diz-nos o chefe de sala, Fábio Carvalho. “É só preciso confiar”, promete, enquanto coloca na mesa hóstias de camarão com molho de ameixa, que dão início à experiência. Ao mesmo tempo, servem um copo de chá, que acompanhará toda a refeição e é bem-vindo para ajudar à digestão do festim que se segue.
Começa a circular o típico carrinho cantonês de dim sums. É possível escolher entre a selecção diária do chef Mário Esteves, responsável pela cozinha do Frou Frou e do Ásia, ou deixar-se ficar nas mãos da equipa da sala. É uma escolha óbvia. Dentro de instantes, chegam à mesa os primeiros cestos de bambu a fumegar. “Cuidado para não se queimarem, é preciso esperar um bocadinho”, aconselha Fábio Carvalho, que certamente conhece a impaciência dos clientes.
Primeiro, servem-se opções mais leves, dim sums ao vapor, como porco e gengibre, pato com romã, camarão com tinta de choco, vaca com beterraba ou gyosa de rabo de boi. “Agora trago-vos o dim sum mais perigoso de todo o menu”, diz com solenidade o anfitrião, que logo desenlaça o mistério para evitar ansiedades. “É porco com o seu caldo. Primeiro façam um furo para fazer o vapor”, explica. Obedecemos e sentimos a explosão de sabor, sem correr o risco de queimar a língua e perder o resto da experiência.
O carrinho continua em movimento e seguem-se os fritos, com o porco caramelizado a liderar o grupo, que conta ainda com combinações menos óbvias, como o porco com camarão e vieira. Se ainda houver apetite, os baos fecham o espectáculo, enquanto a harpa continua a tocar e damos por terminado o almoço, até para não haver desperdício. Resta chá no bule, felizmente.
É então que Fábio Carvalho lembra que há gelado para a sobremesa. O menu de almoço (45€) inclui ainda um sundae com base de kulfi decorado com pistáchios. Foge ao tradicional menu de dim sum cantonês, mas o horário já pende para a hora do lanche e o gelado é a cereja em cima do bao. De saída, olhamos para trás. O carrinho continua a rolar e os dim sums a sair da cozinha.
A Fugas almoçou a convite do JNcQUOI Frou Frou.