“Há quem não goste de comer dim sum no Verão”, avisam ainda antes de nos sentarmos. Para contentar os comensais mais picuinhas com as sazonalidades, o Aura Dim Sum tem uma nova carta pensado para os dias mais quentes com opções mais leves. Mas fincam pé e mantêm mais de 20 opções de dim sum, todas feitas aqui dentro do familiar espaço de Alfama, onde turistas e lisboetas convivem à mesa asiática.
Qualquer rápida pesquisa dir-nos-á que “dim sum é uma ampla variedade de pequenos pratos cantoneses”. Não são apenas baos ou dumplings, como se pode pensar - ou melhor, como pensávamos até lermos esta definição a caminho de Alfama, meca turística. Com tantos turistas, não é de estranhar que as mesas vizinhas estejam ocupadas por estrangeiros.
“Temos clientes portugueses que nos acompanham há bastante tempo. E embora achem chato vir aqui porque é difícil estacionar, vêm à mesma”, garante a gerente Filipa Aires, enquanto traz à mesa os primeiros cocktails feitos também na casa e de inspiração asiática, tal como toda a carta. “O Mariko-Sama é óptimo para quem prefere bebidas doces”, aconselha referindo-se à bebida com vodca, oolong, flor de Jasmim, vinho chinês, manga e mel (12€). É muita informação é certo e o sentimento é semelhante quando chega a carta principal.
O menu extenso resulta da imersão de Catarina Goya na cozinha asiática nos últimos anos. Brasileira e casada com um espanhol, Jose Suarez, o seu companheiro de negócio, foi em Londres que começou a aproximar-se do dim sum enquanto trabalhava num restaurante de cozinha cantonesa. Decidiu ir beber à fonte e mudou-se para Singapura durante dois anos para aprender as bases, antes de abrir um restaurante em Porto Seguro, no Brasil.
Mas o projecto foi “demasiado ambicioso” para aquele local e não resultou. Decidiram mudar-se para Lisboa e abrir o Aura Dim Sum na Bica, em 2019, pouco antes da pandemia. “Só sobrevivemos à pandemia, porque nos viramos para as entregas de congelados”, relata Filipa Aires. E os dim sum foram crescendo assim, uma entrega de cada vez, até que o espaço com cinco mesas no bairro se tornou pequeno e mudaram a casa de dumplings para a vizinha Alfama, em Julho de 2022.
E chamar-lhe casa de dumplings não é uma hipérbole, porque é sobretudo isso que diferencia o Aura Dim Sum. Apesar de terem os “pequenos pratos” típicos do dim sum cantonês, não ficam presos à tradição e inovam nas combinações pensadas dentro de portas ─ não desvirtuando a base tradicional. Durante o Verão, a aposta está nas saladas com a favorita dos clientes a manter-se a de pato crocante (13,5€), que não só inclui a proteína como toranja, chalotas e pinhões torrados, numa base de mix de folhas, envoltos em molho de hoisin e ameixa. “É a minha favorita”, confidencia Filipa Aires, que é a maestrina deste jantar.
Nas saladas, há ainda destaque para a novidades: saladas de cogumelo-ostra com molho picante, chalotas crocantes e amendoim torrado. É uma das várias opções vegetarianas no menu inclusivo. Nos dumplings, a carta divide-se entre ao vapor, fritos ou grelhados, variando não só nas texturas, como também nas combinações ─ cada porção traz sempre três dumplings. “O Har Gao é o mais pedido de sempre”, sugere a gerente, que traz essa primeira opção de camarão para a mesa, acompanhado do Fun Guo com churrasco de porco à moda do cantão (9,50€), camarão e cogumelos shiitake.
Uma combinação improvável, mas consensual no sabor, tal como o de barriga de porco com kimchi (9€). Estes vegetais fermentados são típico da Coreia e não do Cantão, mas estão presentes em várias opções da carta, incluindo em croquetes (9,50€). Mas regressemos aos dumplings, agora grelhados como o de caranguejo, frango, gengibre e couve chinesa (11,50€) a liderar as preferências.
Nos baos ─ os pequenos pães asiáticos recheados, servidos como se de tacos se tratassem ─ as combinações são semelhantes, entre o pato, o camarão ou a barriga de porco. Não fosse esta uma carta de Verão, o conselho para a sobremesa recai no gelado de jasmim ou de sementes de sésamo (5,50€).
Também é possível regressar ao almoço, servido em regime de brunch com panquecas, tostas e ovos com inspiração asiática. Por exemplo, a tosta de queijo leva kimchi e ou ovos estrelados são feitos com molho picante. “Como há um brunch em cada esquina, tivemos de nos diferenciar pela influência asiática e tentamos criar uma carta mais divertida. Curiosamente, apesar de tudo, o que continua a sair melhor é o dim sum”, reconhece Filipa Aires, que termina com o convite aos lisboetas para redescobrirem Alfama, que faz os encantos de tantos turistas.
A Fugas experimentou o menu a convite do Aura Dim Sum.